segunda-feira, 6 de março de 2017

Atualização do meu projeto

Muita gente tem me perguntado sobre o status do meu projeto de recuperação, e apesar dele ainda estar em andamento e com algumas definições importantes por acontecer eu decidi postar por aqui um novo relato, vamos lá:

Depois da negativa da UNIMED-BH em cobrir o exame PET-TC eu recorri à via judicial, e consegui liminar em agosto passado. Fiz o exame em setembro, e no laudo aparece a expressão a seguir:


"Lesão hipermetabólica expansiva no corpo vertebral de T10 e T11 compatível com plasmocitoma metabolicamente ativo."


O que em bom português indica que o tumor parece continuar ativo. Em seguida fiz mais uma grande quantidade de exames, os mais importantes sendo:

1. Biópsia da medula, em out-16: deu negativo, o que significa que pelo menos na minha medula, que foi de onde saíram as células que geraram o tumor, não tenho nada doente no momento, o que é uma excelente notícia. 

Procedimento relativamente simples, fiz pela segunda vez. Vou a um ambulatório, me dão uma sedação de cerca de 30 minutos, e quando acordo o procedimento já foi encerrado! Ainda bem, pois não queria precisar ver a agulha, que sei que é enorme :)

2. Biópsia fechada do tumor, com agulha, em nov-16: esta é um pouco mais chata, pois precisei me internar e passar um dia inteiro no hospital. Além disto o procedimento envolve anestesia geral e, pela localização do tumor (incrustado ao redor da minha espinha), apresenta certo risco. Foi feito com (de novo!) uma agulha enorme que mais uma vez não vi e o cirurgião se guia por imagens de tomografia em tempo real (esta parte eu queria ter visto!). Trata-se de um procedimento menos invasivo do que a outra alternativa, que seria a biópsia aberta, mas com possibilidade de dar errado no sentido de não conseguir pegar amostras significativas do tumor para análise. E foi isto que acabou ocorrendo, e o pior é que para descobrir foi preciso esperar cerca de duas semanas pelo resultado...

Aí veio Natal, viagem do cirurgião que fez as minhas biópsias do tumor (o mesmo que me operou em agosto de 2015) e um janeiro em que eu tinha agendados 10 dias de férias com a família num resort na Bahia, seguidos de outra viagem de 10 dias aos Estados Unidos, para reuniões do PMI (Project Management Institute) em Philadelphia e quatro dias de passeio rápido em New York e Miami (afinal sabe-se lá quando terei oportunidade de voltar aos Estados Unidos dada a incerteza do meu projeto, certo?).

3. Biópsia aberta do tumor, em 17-fev-17: agendada inicialmente para 03-fev, adiada a meu pedido depois que entendi a complexidade da coisa, bem maior do que eu pensei inicialmente. Eu achei que poderia atender compromissos profissionais agendados já a partir de segunda, e aí descobri que se trata de uma verdadeira cirurgia, com anestesia geral, abertura via corte e intervenção direta na região do tumor para retirada de amostras com apoio visual. Previsão de dois a três dias no hospital seguidos de uma semana de repouso.

O resultado da biópsia chegou hoje (06-mar), mas só terei consulta com a minha médica mais no fim desta semana. De qualquer forma estou trabalhando (como gerente de projetos que sou!) com o pior cenário, que prevê tratamento quimioterápico, provavelmente a começar ainda este mês. O que vier melhor do que isto será lucro!

Este período de agosto até agora não tem sido fácil, mas ao mesmo tempo é "fichinha" quando penso no que passei nos meses logo depois da cirurgia inicial. Busquei levar a vida da melhor forma possível, mas reduzi drasticamente minha carga de trabalho e de viagens, o que estou retomando agora. Também devo dizer que tive altos e baixos em termos de estado mental, mas as técnicas de mindfulness e outras que citei numa postagem anterior sobre o projeto me ajudaram bastante.

Uma coisa que este projeto trouxe para mim foi me levar a refletir de forma mais profunda sobre o meu projeto de vida para os próximos dez anos. A motivação é bem simples: a mediana de expectativa de vida para pessoas que possuem esta doença é de mais dez anos. Isto quer dizer que, mesmo que se este tumor vier a me matar um dia, isto ainda vai demorar muito tempo, e ainda tem muita coisa que eu quero e preciso fazer com a minha vida. Nesta reflexão uma frase que me marcou muito foi esta:

"Once you have mastered time, you will understand how true it is that most people overestimate what they can accomplish in a year - and underestimate what they can achieve in a decade!" (Tony Robbins)

Eu a ouvi pela primeira vez da boca do próprio Tony Robbins, no excepcional documentário "I am not Your Guru", disponível no Netflix, que aliás eu recomendo fortemente.





Uma decisão importante que eu tomei é que irei falar menos deste projeto e mais sobre outros temas que me interessam, não quero passar para vocês a ideia de que esta doença me define e tem muita coisa interessante que eu gostaria de compartilhar com vocês :)

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Ivo Michalick, 06 março de 2017
Belo Horizonte - BRASIL