segunda-feira, 17 de junho de 2019

Resenha de "Agilidade Emocional", de Susan David





Agilidade Emocional, de Susan David

Andei meio sumido, mas a importância e a vontade de compartilhar um pouco do que aprendi com este livro da Susan David me fez voltar a escrever por aqui. Eu li o livro há mais tempo, em 2016, mas por conta de uma nova palestra que irei dar sobre o tema e seu forte relacionamento com outros temas que tenho estudado, como V.U.C.A., Mindset, Inteligência Emocional, Mindfulness e Pensamento Complexo, dentre outros, eu decidi escrever esta resenha.

Rigidez Emocional 


"Ficar preso a pensamentos, sentimentos e comportamentos que não nos atendem." (Susan David em "Agilidade Emocional")

Agilidade Emocional


"Ser flexível com seus pensamentos e sentimentos de forma que você consiga responder da melhor maneira a situações cotidianas.” (Susan David em Agilidade Emocional)

Nada de tentar controlar pensamentos ou te forçar a pensar de forma mais positiva! Isto não só não funciona como muitas vezes pode piorar as coisas... No livro Susan explica que já nascemos com agilidade emocional (que daqui para a frente irei chamar de AE), e como pai de crianças com 10 anos ou menos isto fica claro para mim. O problema é que à medida em que vamos crescendo e incorporando práticas e conceitos de nossa cultura acabamos por perder boa parte de nossa AE. E isto não é nada bom, pois precisamos dela para conseguirmos viver neste mundo V.U.C.A.. Mas espere aí, o que é este tal de V.U.C.A.?

V.U.C.A. é uma abreviatura em inglês criada na década de 1990 por militares americanos que significa Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Ela extrapolou o meio militar e vem sendo cada vez mais usada para descrever o mundo de hoje, em que as mudanças ocorrem de forma tão rápida e inesperada que muitos de nós temos dificuldades em acompanhá-las.

Sem AE é muito difícil viver neste mundo V.U.C.A.!

Ok, e como recuperar ou aumentar a nossa AE? Susan descreve várias estratégias no livro:

1. Use o seu neocórtex (parte do nosso cérebro que controla o nosso pensamento e raciocínio conscientes) para ficar atento à conexão entre sentimentos, pensamentos, palavras, ações e emoções. 

2. Procure fazer “pequenos ajustes” (“tiny tweaks”) focados em três áreas de nossas vidas:

Sistema de crenças (“mindset”)

Aqui ela bebe na fonte de "Mindset", outro livro fantástico, da Carol Dweck, que mencionei rapidamente aqui e que agora tem edição em português. Procure sempre desenvolver um mindset de crescimento (growth) ao invés de se apegar a um mindset fixo (fixed), que resiste a qualquer tipo de mudanças. Para isto é MUITO importante observarmos nossos pensamentos e palavras, pois estes influenciam diretamente nosso comportamento e ações.



Com muita frequência chamo atenção para este ponto (observação de nossos pensamentos e palavras) com meus clientes de coaching. Alguns dizem que isto é bobagem, ou não dão muita atenção, mas eu insisto, e eles acabam percebendo a importância desta mudança de comportamento. E claro, procuro me observar bastante para não ser controlado por um mindset fixo (veja o que a Susan fala sobre "passo para fora" em trecho de entrevista dela mais abaixo).

Motivações



“Eu tenho que” x “Eu quero”

Qual dos dois acima é mais eficaz para nos motivar, e por quê? Pense nos pequenos ajustes que você pode fazer AGORA em sua vida para alcançar algo que você queira mas não vem conseguindo.



Hábitos



Hábitos são comportamentos automáticos, portanto o primeiro passo para mudarmos um hábito que nos seja nocivo é tomarmos consciência dele.

Ok, identifiquei um hábito nocivo e decidi que quero (MOTIVAÇÃO) deixá-lo, ou trocá-lo por outro que me seja benéfico. Como faço isto?

Leia o livro da Susan, ou "O Poder do Hábito", de Charles Duhigg, sobre o qual falo aqui.

Um ponto importante abordado por Susan em seu livro e nesta entrevista em português para a revista Amanhã é:  



"Charles Darwin escreveu um livro não muito famoso chamado “A expressão das emoções nos homens e nos animais”. Na obra, ele discorre sobre a ideia de que as emoções nos ajudam não apenas a nos comunicar om outras pessoas, mas também com nós mesmos. Esse é um aspecto crítico do meu livro. Essa ideia de que podemos aprender com o que há por trás das nossas emoções, quando temos um sentimento de culpa, de ira, há sempre alguma coisa aí de instrutivo para nós. Agora, a distinção evidente aqui é que nossas emoções são dados – e não direcionamentos. Podemos aprender com elas, mas não temos de obedecê-las ou ser dominados por elas.

No livro, discorro sobre a ideia de se expor. Contudo, descrevo também as habilidades críticas que chamo de dar um passo para fora, isto é, a capacidade de experimentar um sentimento ou pensamento e praticamente pairar acima dele. Todos tivemos essa experiência: quando nos irritamos com alguém, quando espumamos de raiva com um encarregado do serviço ao cliente que mais uma vez errou na nossa conta. Essa capacidade de sentir emoção e praticamente pairar sobre ela é uma habilidade fundamental para nós e para nossos filhos. Ela nos ajuda a ser sadios
e a nos sentir bem sem ignorar nossas emoções. [Uma citação frequentemente atribuída a Viktor Frankl sintetiza bem isso:] entre o estímulo e a resposta, há um espaço. E nesse espaço está nosso poder de escolha. É dessa escolha que vem nosso crescimento e liberdade." (fonte: entrevista da autora para a revista Amanhã)

Nossa, se já não tivesse lido o livro quando conferi esta entrevista iria correndo comprá-lo só por conta deste trecho, em especial pelas citações a dois autores que me marcaram muito, Charles Darwin (falo dele aqui) e Viktor Frankl, autor de "Em Busca de Sentido", sobre o qual falo aqui.

Ficou interessado? Então use seu mindset de crescimento e vá conferir o livro da Susan!

***** Ivo Michalick, 17 de junho de 2019, Belo Horizonte, BRASIL






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