A primeira
parte do título desta postagem nasceu de uma ideia que tive por volta de junho de
2020, em plena pandemia, quando fazia uma caminhada de máscara num parque perto
de casa (conhecido como Parque JK aqui em Belo Horizonte). Esta é uma atividade
que aprecio bastante, pois o parque é (até certo ponto, por causa dos cachorros
soltos) um lugar seguro que me permite dar voltas ao seu redor de forma
despreocupada, deixando a mente solta, e é nestas horas que costumo enxergar a
solução para algum problema ou ter a ideia de um novo projeto pessoal e
profissional.
Eu pensava
nas centenas de sessões coaching (que pessoalmente prefiro chamar de
orientação) que já fiz com clientes até hoje, e em como o processo de
crescimento pessoal de cada um segue uma espécie de caminho, mesmo que tortuoso
e, como tudo o que é humano, complexo. Daí eu pensei na ideia de um programa
que, partindo destas sessões e do meu Workshop de Inteligência Emocional, que
até então eu tinha ministrado umas três ou quatro vezes, juntasse outros
elementos, pudesse ser feito parte em grupo, parte de forma individual, e
tivesse uma duração determinada. Nascia a ideia do Programa Melhore!. Assim
mesmo, com exclamação no final e sem o tiquinho, por sugestão da Luiza, minha
esposa e companheira há mais de 20 anos, que achou que não ficaria um nome
atrativo/profissional. E quem é casado aqui sabe, sugestão de cônjuge, em
especial mulher, assim como de mãe, é sempre bom a gente obedecer.
Cheguei em casa, liguei o computador e em menos de duas horas tinha uma definição para o programa. Mas não é exatamente dele que quero falar, e sim do que está por trás (a tal da “experiência”) e do que aprendi com as duas turmas iniciais, vamos lá:
1. Todo ser humano quer melhorar, isto faz parte da nossa natureza. Só que muitas vezes nos vemos presos na rotina da vida e deixamos isto um pouco de lado. Às vezes pensamos/justificamos pensando: “Ah, vai exigir muito esforço”, “É caro”, “Já estou com coisas demais no meu prato” ou algo parecido. Esqueça o Programa então. Escolha alguma coisa ou área na sua vida que queira melhorar, ou competência que queira aperfeiçoar, e procure trabalhar nisto, mesmo que sozinho. Você vai se sentir melhor, pode ter certeza.
2. Vender é desafiador para mim, ainda mais não
sendo uma pessoa famosa. Somos o tempo todo tão bombardeados por informação, na
grande maioria inútil para nós naquele momento (ou pelo menos pensamos assim),
que acabamos resistindo a receber informação nova que teremos que processar, ainda
mais de uma fonte a princípio desconhecida (eu!), pois achamos que isto vai nos
fazer perder tempo. Por isto pensei inicialmente em dar ao programa um foco
corporativo. Vender para uma empresa pode ser mais difícil, mas uma venda por
si só garantiria a estreia do programa. Fiz umas 20 apresentações (todas via
Zoom, por causa da pandemia), defini seis leads promissores e tentei avançar no
processo com eles. Não consegui. Como queria muito desenvolver o programa
decidi oferecer para pessoas físicas, e depois de bastante trabalho consegui
fechar uma primeira turma com nove participantes.
3. Uma vez que as pessoas conhecem o que
tenho a oferecer (o programa foi concebido para começar sempre com o Workshop
de Inteligência Emocional) e percebem que a turma é um espaço seguro (ou,
usando um conceito de Simon Sinek, um “Circle of Safety”/”círculo de confiança”),
elas vão se abrindo cada vez mais, e vai se criando um senso de grupo cada vez
mais forte.
4. As sessões individuais comigo são
muitas vezes transformadoras, para mim e para o aluno, pois podemos ter um tema
ou ideia iniciais mas nunca sabemos onde vamos chegar (me lembrei do meu
treinamento em coaching com o CTI, que tem “Dance in This moment” como um dos
princípios a serem seguidos). Já tive sessão em que o aluno chorava, de forma
catártica, de um lado, e eu do outro. E já tive sessão aparentemente burocrática/comum,
para ser surpreendido em alguns dias por uma mensagem do participante me
comunicando uma grande mudança ou transformação que fez em sua vida por causa daquela
nossa conversa.
5. O programa me ajudou a melhorar a
minha autoestima, pois eu costumava pensar, mesmo depois de centenas de
atendimentos nos últimos oito anos, coisas como: o que eu, um nerd, posso
ensinar sobre melhoria de comportamento para qualquer pessoa? Descobri que
posso sim ensinar um tiquinho, se o outro estiver disposto a aprender, até
porque só consigo ensinar algo que aprendi antes e em que acredito e uso
comigo/para mim.
Os desafios
para a formação de futuras turmas continuam. Escrevo textos no meu blog, posto
vídeos no meu canal no YouTube, divulgo tudo isto nas minhas redes e no meu
mailing, mando centenas de mensagens individuais via LinkedIn ou WhatsApp!, mas
o retorno (em termos de conversão em alunos) ainda é reduzido. De novo, vender
é difícil, ou melhor, desafiador!
Pretendo
continuar escrevendo (até penso num livro, agora como autor único, já que fui
colaborador em uns cinco ou seis) e fazendo meus vídeos, e focar os projetos
profissionais nas áreas em que desenvolvi uma reputação mais duradoura e dos
quais não penso em abrir mão, mesmo porque são também parte do meu propósito de
vida. E reconheço: apesar de nestes tempos se falar muito em soft skills (ou
até mesmo power skills), acho que as pessoas buscam melhorar preferencialmente
as suas hard skills, competências mais técnicas que lhes permitam alcançar
objetivos mais específicos, ao invés de uma melhoria comportamental genérica e
difícil de ser medida através por exemplo da leitura de um currículo (isto
aliás explica a enorme procura das pessoas por certificações profissionais em
algum tipo de hard skill), mas que pode ser percebida numa entrevista de
emprego, como vários ex-clientes de orientação e do próprio Melhore! já me
disseram.
Algumas
pessoas chegam a dizer que não veem sentido em estudar “estas coisas” (soft skills),
pois nasceram “deste jeito” e não irão mudar sua essência. Não se trata disto.
Acredito que nossa essência realmente é imutável, mas que podemos (e de certa
forma devemos, por nós e pelos nossos entes queridos) sim empreender ao longo
da nossa vida uma jornada de crescimento pessoal, com várias paradas para
descanso e reavaliação da jornada ao longo do caminho. O casamento e em
especial a paternidade deixaram isto muito claro para mim. Sinto que sou hoje
uma pessoa melhor do que há 24 anos (quando conheci a Luiza, minha esposa)
porque me esforcei para isto, por mim, por ela, pelas minhas filhas, pelos meus
pais e mais várias pessoas que possuem grande importância na minha vida, tanto
pessoal quanto profissional.
Estaria eu
reclamando, ou como diz o ditado popular, “chorando pitangas”, quando falo
sobre a (para mim falsa) dicotomia soft x hard skills, que parece fazer a
maioria das pessoas priorizar o desenvolvimento de hard skills? Acho que não,
mas cabe a você, que me leu até aqui, avaliar e tirar sua própria conclusão. Entendo que a virtude está no
meio e que devemos buscar de forma contínua a melhoria pessoal e profissional. Tudo, para cada um de nós, tem o seu tempo, e não
há nada de errado nisto. O horizonte muda a cada dia.
#melhore
#getbetter
*** Belo
Horizonte, 20 de julho de 2021 (e chega de contar dias de isolamento social,
porém sem baixar a guarda de jeito nenhum!)