sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Steve Jobs e nossos dois lobos

Antes de mais nada, um número para nossa reflexão: 32.873 (volto ao assunto no final desta postagem).

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Fonte da estória abaixo: aqui.

Uma noite um velho índio Cherokee comentou com seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas. Ele disse:

“Meu filho, a batalha é entre dois lobos que existem dentro de todos nós. Um é o Mal – raiva, inveja, ciúme, tristeza, arrependimento, ganância, arrogância, auto-piedade, culpa, resentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego. O outro é o Bem – alegria, paz, amor, esperança, serenidade, humildade, gentileza, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.”

O neto pensou a respeito por um minuto e então perguntou ao avô:

“E qual lobo vence?”

Ao que o avô respondeu simplesmente:

“Aquele que você alimenta.”



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Esta estória me lembrou de uma frase de Epíteto, filósofo grego de quem sou grande admirador:

“O que importa não é o que acontece com você, mas como você reage a isto.”

E o número 32.873? Trata-se do número de dias que você terá vivido se chegar a 90 anos de idade.  Nosso limitado e incerto tempo no mundo deveria ser o nosso maior motivador! Steve Jobs disse aqui

“Remembering that I'll be dead soon is the most important tool I've ever encountered to help me make the big choices in life. Because almost everything — all external expectations, all pride, all fear of embarrassment or failure - these things just fall away in the face of death, leaving only what is truly important. Remembering that you are going to die is the best way I know to avoid the trap of thinking you have something to lose. You are already naked. There is no reason not to follow your heart.

Minha tradução:

“Me lembrar de que vou morrer cedo é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida. Porque quase todo o resto – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo o medo da vergonha ou do fracasso – estas coisas simplesmente desaparecem diante da morte, deixando apenas o que realmente importa. Lembrar-se de que você vai morrer é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há motivo para não seguir o seu coração.”



Desejo a todos vocês um 2014 com muita paz, amor, saúde e harmonia!


*********** Nova Lima, 27 de dezembro de 2013, BRASIL 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Confusos em LA

LA é como os americanos chamam Los Angeles :)  Pois bem, estou por aqui para mais uma rodada da minha formação em coaching pelo CTI, e tirei uns dias para conhecer a cidade antes do início do curso. E claro, não dá para conhecer LA a pé, portanto aluguei um carro. Confesso que tive um pouco de receio: "road rage", dirigir sozinho numa cidade de tamanho similar a São Paulo, cheia de freeways e na qual não conheço absolutamente ninguém... Mas segui em frente, e devo dizer que fui muito bem, exceto por ontem à noite em Hollywood, que por sinal confirmou a minha suspeita de ser uma espécie de Caminito ou Pelourinho americano, ou em bom português, uma arapuca para turistas, decadente até falar chega... Mas vamos lá, foram dois escorregões:

#1A Parei num estacionamento numa rua adjacente ao Hollywood Boulevard. Com medo de não encontrar o carro na hora de ir embora, tirei uma foto da esquina em que estava, assim conseguiria identificar a esquina do estacionamento através do nome da rua transversal, vejam a foto: 


Uma esquina no Hollywood Boulevard

Notaram uma coisa errada? Pois é, volto já a este primeiro escorregão, vamos ao segundo...

#2 Quando estava a meio caminho de onde estava indo (assistir uma sessão de cinema do AFI) me veio a dúvida: e se o estacionamento fechar antes da sessão acabar? Vou ficar a pé em Hollywood, o que pode dar um bom nome de filme mas não deve ser uma situação das mais agradáveis (lembram o que falei sobre Hollywood, Pelourinho e Caminito? São três lugares onde não recomendo a ninguém ficar perdido...). Daí que decidi voltar ao estacionamento antes de percorrer um quarteirão (logo depois de tirar a foto acima) para ver que horas fechavam. Logo após entrar no estacionamento notei um carro parado e de portas abertas bem ao lado do meu, e aí saiu um sujeito do lado do carro de passageiro me perguntando em inglês:

  - "Do you know how to drive?" 

Meu impulso inicial foi ignorar (Caminito, Pelourinho...), mas algo me disse para oferecer ajuda. Pois bem, tratava-se de um casal de brasileiros, e a mulher, que estava dirigindo, não conseguia de jeito nenhum colocar o câmbio do carro (que como a maioria dos carros nos EUA tem câmbio automático)  na posição DRIVE (que permite ao carro andar pra frente). Ora, morei nos EUA por três anos, o carro de família no Brasil tem câmbio automático, vai ser mole, certo? Pedi licença, me sentei no banco do motorista, desliguei o carro, liguei de novo, engatei o DRIVE e pronto!

Falei com a motorista que devia ser algo travado, sei lá, mas que estava resolvido. Desliguei o carro e dei o lugar a ela. E... nada, o câmbio parecia travado! Pedi o lugar de volta, tentei de novo, e tudo ok. A motorista voltou e... nada! Me sentei ao lado dela, e fui mover a alavanca do câmbio enquanto ela mantinha o carro ligado. Nada de novo!

Bom, fizemos esta rotina por uns dez minutos, até que me lembrei: carro com câmbio automático não muda o câmbio de posição se o pedal de freio não estiver pressionado! A motorista não tinha obrigação de saber, pois era sua estreia em carro automático, mas e eu?!

#1B A esta altura vocês devem ter notado que na foto que tirei não aparece o nome da rua, certo? Pois é, fiquei perdido uns 20 minutos, passando toda hora nos mesmos lugares e me sentindo observado por um monte de gente estranha (eram cerca de 21h30 daqui, o que pelo fuso de BH, no qual ainda estou, tanto na parte física quanto mental, dá 3h30 manhã!). Aí me lembrei: logo que saí do estacionamento e virei a esquina no Hollywood Boulevard eu tirei a foto de uma estrela na "Calçada da Fama", confiram:


"Uma das estrelas da "Calçada da Fama"

Para quem tem mais de quarenta anos deve ser fácil imaginar porque tirei esta foto, eu adorava o seriado com este nome, acho que foram uma das primeiras "boy bands" criadas artificialmente. Quem quiser dar pode dar uma conferida:



Pois bem, com a foto foi só andar olhando para o chão (e para a frente, por segurança) até achar a estrela, daí virar na primeira esquina, entrar no estacionamento, pegar o carro e voltar pro hotel!

Ah, e sobre o horário do estacionamento: fica aberto até 2h da manhã...

*********** Los Angeles (na verdade Culver City), 14 de novembro de 2013, ESTADOS UNIDOS

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Mais motivos para aprender inglês e espanhol

Pessoal,

Acaba de sair o "HAYS GLOBAL SKILLS INDEX 2013", um relatório da Hays (consultoria global de recrutamento e seleção) que busca medir a eficiência dos mercados de trabalho nos países do Mundo. No caso do Brasil o relatório mostra muita coisa que já sabemos e que no caso contribuiu para que tenhamos um indicador acima de 5.0 (índice ideal), porém melhor que o de países como Estados Unidos, Canadá, Japão e  Alemanha. Ele fala em especial de:

  - Deficiência do nosso ensino secundário;
  - Excesso de regras em nosso mercado de trabalho (dois itens que pioram o nosso índice) e
  - Depressão salarial (o que melhora nosso índice e competitividade, apesar de não ser exatamente uma boa notícia para os empregados).  

Recomendo a leitura do relatório, em especial da página 19, que apresenta um perfil do Brasil segundo a Hays. Gostei, pois o perfil confirma dois pontos importantes que costumo reforçar junto aos meus alunos e aos meus clientes de coaching:

1. A importância de se ter fluência em inglês. Esta é listada, juntamente com pensamento estratégico, como as duas habilidades mais procuradas pelos empregadores.

2. A importância de se ter fluência em espanhol. Esta é uma conclusão minha, pois o relatório considera o Brasil como um hub para companhias que fazem negócios na América Latina. Vejam esta comparação do nosso PIB com o de alguns vizinhos (fonte: Wikipedia):

- Brasil: U$2.422 trilhões
- Argentina: U$ 771 bilhões
- Colômbia: U$ 502 bilhões
- Venezuela: U$409 bilhões
- Chile: U$342 bilhões
- Peru: U$210 bilhões

Isto é, cinco vizinhos nossos somados dão uma economia de porte similar à nossa (U$2.422 trilhões x U$2.234 trilhões), e o mercado de trabalho nestes vizinhos está cheio de oportunidades nos mais diversos setores, além de ser bem mais flexível que o nosso. E olhem que nem considerei o México, com um PIB de U$1.845 trilhões...

Se investirmos em competências globais aumentamos nossas chances de sermos profissionais globais, capazes de atuar em diferentes partes do mundo e com maior capacidade de resistência a crises locais e sazonais, certo? E para isto é essencial falarmos a língua dos mercados que almejamos.

Que tal começar com um "2 em 1"? Leia o relatório com calma e consciência crítica, isto vai te ajudar no inglês e no pensamento estratégico!

Saiba mais:

Matéria na revista Exame sobre o relatório Hays 2013.

E por último uma nota pessoal: semana que vem vou poder riscar com prazer um item da minha "bucket list", pois finalmente vou conhecer a Califórnia! Sigo para Los Angeles para fazer mais um módulo da minha formação em coaching pelo CTI, e a escolha desta cidade foi proposital. Morei e trabalhei três anos nos Estados Unidos, viajei bastante mas não tive a oportunidade de conhecer a Califórnia (e olha que me casei ali do lado, em Las Vegas), região que sempre fez parte do meu imaginário! E é CLARO que não vou deixar de nadar no Oceano Pacífico, mesmo porque a minha única experiência com este oceano até hoje não foi das melhores (um dia conto esta estória em outra postagem, mas posso adiantar que a experiência se deu em Vina Del Mar, no Chile).




                                                     "Garota eu vou pra Califórnia..."

*********** Nova Lima, 08 de novembro de 2013, BRASIL

sábado, 19 de outubro de 2013

"Fulfillment"

Eu acabei de voltar de Atlanta, onde fui fazer mais um curso da minha formação em coaching pelo CTI, chamado "Fulfillment". Gostei demais da experiência, e em especial da percepção de que tomei a decisão acertada de espaçar mais os cursos entre si e de fazer cada curso numa cidade diferente, e portanto com pessoas diferentes.

Atlanta

Não dá para falar muito num canal público sobre detalhes da experiência, mas posso dizer que confirmei a minha paixão pelo coaching e que, como disse Shakespeare, "existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia". Para alguns esta frase pode levar a reflexões sobre questões espirituais, para mim leva à questão do nosso eu interior e sua conexão com o resto do mundo, e internamente às muitas "vozes" que temos dentro de nós e descritas de diversas formas no passado por diferentes estudiosos, como Freud (ego/superego/id) Eric Berne (criança/pai/adulto).

Termino compartilhando com vocês uma música do Raul Seixas, um dos meus três músicos brasileiros preferidos de todos os tempos e que me veio à cabeça assim que comecei a refletir sobre o propósito maior do curso: "Ouro de Tolo". 

Raul Seixas

Trecho:


Oncotô? Oncovô?Quemcossô?!

*********** Nova Lima, 19 de outubro de 2013, BRASIL

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Gary Klein e a importância da intuição


O líder de uma equipe de bombeiros entra numa casa em chamas e manda a equipe iniciar os trabalhos. Ao direcionar a água da mangueira principal na direção do fogo localizado na cozinha, ele nota algo estranho: o fogo não diminui, e até parece aumentar. Ele e sua equipe recuam por alguns segundos, e então o líder decide ordenar a saída imediata da equipe sem que o fogo tenha sido contido. Poucos segundos depois o piso da casa desaba e é engolido pelo fogo que estava concentrado no porão.

(Adaptado da descrição de uma situação real feita por Gary Klein em seu livro "Sources of Power: How People Make Decisions" .

 

Gary Klein
 
Gary Klein afirma em seu livro que a intuição depende do uso da experiência para o reconhecimento de padrões relevantes que indicam a dinâmica de uma situação. O líder dos bombeiros na situação acima se baseou em sua experiência para detectar uma série de inconsistências naquela situação, como:

 

·         Apesar de não saber da existência do porão, assim que o fogo não reagiu como esperado ele começou a imaginar (ou seria intuir?) porque o fogo não reagiu conforme esperado (ausência de um padrão esperado).

·         O ambiente na sala estava muito mais quente do que o esperado no caso de um pequeno incêndio na cozinha de uma residência.

·         Estava tudo muito quieto. Incêndios são barulhentos, e para um incêndio com tal quantidade de calor ele esperava muito mais barulho.
 
O padrão observado não se encaixava com a percepção inicial. Suas expectativas não se confirmaram, e o líder de bombeiros percebeu que não sabia exatamente o que estava ocorrendo e por isto ordenou a evacuação.

O mais curioso é que quando Gary Klein entrevistou o líder dos bombeiros este atribuiu sua decisão a uma espécie de “sexto sentido”, necessário a todo bom líder deste tipo de profissionais.

Klein desenvolveu a partir destes e outros estudos um modelo de processo decisório que ele chamou de modelo de tomada de decisão baseado em reconhecimento inicial (minha tradução para a expressão original em inglês, que é recognition primed decision making model), daqui para a frente chamado de RPD (expressão cunhada por Gary Klein).

O modelo RPD identifica como possível resposta a um processo decisório a primeira alternativa considerada. A partir desta alternativa o decisor:

·         Verifica se, com base em seu conhecimento e experiência, a alternativa é plausível. Caso não seja ele deve buscar uma segunda alternativa e reiniciar o processo.

·         Caso a alternativa faça sentido, ele avalia seus impactos no processo com base na imaginação, considerando qual deverá ser o curso de ação caso a alternativa seja implementada. Quando descobre uma falha ele abandona a alternativa e passa a buscar outra.

Em outras palavras, no modelo RPD decidimos optando pela primeira alternativa viável, ao passo que nos modelos tradicionais decidimos buscando a melhor alternativa dentre várias levantadas, e portanto em geral o modelo tradicional é mais demorado. Por outro lado o modelo RPD se baseia fortemente na intuição (na visão de Klein) ou no Sistema 1 (na visão de Kahneman), e portanto pode muitas vezes induzir ao erro. Por isto recomenda-se o uso do modelo RPD nas seguintes condições:

 
1.    Somos experts no domínio de conhecimento em cima do qual a decisão precisa ser tomada. E por expert aqui estamos falando em alguém que possua vários anos de experiência na área e neste período tenha vivenciado uma grande diversidade de situações semelhantes e aprendido com elas.

2.    A decisão precisa ser tomada quase que de imediato, do contrário o custo de não escolher e agir pode ser muito alto.

Pesquisas de Gary Klein demonstram uma distinção crítica entre especialistas e iniciantes quando colocados diante de situações recorrentes: especialistas decidem rapidamente porque conseguem associar a situação atual com alguma situação passada por eles vivenciada, ao passo que iniciantes, não contando com este recurso, precisam analisar diferentes alternativas em busca de alguma que resolva a questão, e por não possuírem experiência real muitas vezes precisam recorrer a um processo de tentativa e erro.

Quanto maior a pressão da situação menos importante passa a ser a melhor alternativa (que mesmo com base em métodos de decisão tradicionais possui um componente subjetivo), e mais importante passa a ser uma alternativa que resolva a situação, qualquer que seja esta.

Mas e se em um projeto com vários pontos de decisão de alta criticidade não pudermos contar com experts nos momentos de decisão? Klein tem uma possível resposta para isto, que é desenvolver um programa de treinamento baseado em situações reais, de forma a “acelerar” o processo de aprendizagem, algo que vários cursos de MBA adotam através do uso de jogos empresariais. E isto não é tão inovador assim, afinal há vários anos astronautas são treinados em simuladores antes de partirem para missões espaciais de verdade. Devemos ainda sempre buscar analisar posteriormente a qualidade das nossas decisões, realimentando o processo de forma a melhorar cada vez mais a qualidade de nossas decisões. E na esfera pessoal devemos, sempre que tivermos a oportunidade, buscar aprender com a experiência dos especialistas, seja de forma direta e presencial, seja de forma indireta através de relatos de lições aprendidas!
 
 
*********** Nova Lima, 24 de setembro de 2013, BRASIL

 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Decisão: Rápido e Devagar

Responda rápido: uma raquete e uma bola custam R$1,10 no total. A raquete custa R$1,00 a mais do que a bola. Quanto custa a bola?

Se você respondeu R$0,10 ficou na companhia da maioria, porém respondeu errado! Faça as contas com calma e verá que a bola custa R$0,05 e a raquete R$1,05. Mais da metade dos estudantes das prestigiadas universidades americanas Princeton e Michigan cometeram o mesmo erro numa pesquisa. Motivo? Responderam com o Sistema 1, rápido e praticamente automático!

“Claramente as pessoas que responderam a pergunta o fizeram sem nenhum tipo de verificação de sua resposta”, afirma Daniel Kahneman, israelense ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2002 por suas contribuições à compreensão do processo de tomada de decisões individuais, área hoje conhecida como Finanças Comportamentais. A maior parte do trabalho de Kahneman tem a coautoria do também israelense Amos Tversky, morto em 1996, vítima de câncer. 

Daniel Kahneman


 “As pessoas não estão acostumadas a pensar com calma e em geral se satisfazem em confiar em uma resposta plausível que venha rapidamente à mente”, continua Kahneman. O problema é que muitas vezes esta primeira resposta é... ERRADA!

Nova pergunta: se uma pessoa recebe R$4.500,00 líquidos por mês e gasta R$1.800,00, quanto ela consegue economizar em um ano?

Se você recorreu a caneta e papel ou a uma calculadora deve ter corretamente respondido R$32.400,00, certo? O Sistema 1 checou a pergunta e viu que esta não era para ele, portanto você deve ter respondido com o Sistema 2, mais lento (em comparação com o sistema 1) e analítico.

Kahneman fala destes dois sistemas e de como muitas vezes tomamos decisões erradas em seu excelente livro “Rápido e Devagar”. No livro ele divide a nossa mente em dois componentes, chamados de sistemas. O sistema 1 toma decisões rápidas, de maneira intuitiva e sem esforço, baseadas em nossa memória associativa (é o Rápido). Já o sistema 2, mais lento, é acionado quando nos encontramos em uma situação que exija concentração (é o Devagar). Não teríamos sobrevivido sem nenhum dos dois! Por exemplo, quando dirigimos um carro na ida e volta para casa, num trajeto familiar, usamos o Sistema 1. Mas se passarmos por uma mudança nesta rotina (como uma mudança de endereço) corremos o risco de errar o destino, “enganados” pelo Sistema 1. Isto me faz lembrar daquelas tragédias frequentes em que um pai esquece o filho bebê dentro do carro, em geral quando teve que mudar sua rotina a pedido da esposa.



Capa de "Rápido e Devagar", de Daniel Kahneman

Isto significa que não devemos usar o Sistema 1 na hora de tomar decisões? Bom, na prática isto seria impossível, pois tomamos diariamente centenas de decisões baseadas nele, a maior parte inconsciente/automática, como por exemplo calçar os chinelos quando nos levantamos da cama. Mas devemos sim ficar atentos às peças que este sistema, no qual se baseia fortemente a nossa intuição, nos prega muitas vezes!

Fontes primárias para esta postagem:

“Não dependa da intuição para tomar decisões”



*********** Nova Lima, 02 de setembro de 2013, BRASIL

domingo, 25 de agosto de 2013

Técnica WRAP (Heath & Heath), descrita por Moisés Luna


Chip e Dan Heath (irmãos que sempre escrevem e publicam a quatro mãos) sugerem no excelente "Decisive: How to MakeBetter Choices in Life and Work"   algumas ações que podemos promover para tomar melhores decisões através de uma técnica que eles intitulam como WRAP, que significa (tradução livre):

·         Widen your options (Amplie suas opções)
·         Reality-test your assumptions (Avalie suas premissas)
·         Attain distance before deciding (Avalie suas decisões de forma imparcial)
·         Prepare to be wrong (Prepare-se para estar errado)


Amplie suas opções

É comum acreditarmos ao tomarmos uma decisão que temos apenas uma escolha entre duas possíveis. Num processo de decisão, por exemplo, entre mudar de emprego ou permanecer no emprego atual, ampliar as opções significa pensar em outras alternativas para solução do seu problema. Supondo que seu objetivo esteja relacionado com uma necessidade de melhorar sua carreira profissional, elevar seus ganhos financeiros e obter maior satisfação no trabalho, nem sempre a mudança de emprego ou a escolha de permanecer no atual trabalho são as únicas e as melhores decisões. Na decisão sobre mudar ou não, talvez você possa considerar outros opções tais como fazer um curso de aperfeiçoamento para obter ascensão profissional, uma viagem internacional para incrementar o seu currículo, criar um site e-commerce a fim de aumentar os seus rendimentos, abrir um negócio e tornar-se empresário, fazer concurso público e ganhar estabilidade profissional, entre outros eventos que podem permitir que você possa atingir os seus objetivos de vida e profissional.

Para você ampliar suas opções em relação a uma decisão importante que precisa tomar, um fator que pode contribuir é consultar alguém de seu relacionamento que tenha tomado decisão semelhante a sua. Muitas vezes, ouvir suas experiências pode lhe ajudar a abrir o seu leque de opções e considerar situações que você sequer imaginou anteriormente. Os autores sugerem trocarmos a duplicidade do “ou” (ou isso ou aquilo) e considerarmos o acréscimo do “e” (e isso e aquilo e aquilo outro...).


Avalie suas premissas

Decisões podem ser baseadas também em prognósticos de situações futuras que acreditamos que acontecerão. Porém, caso não ocorram, isso fatalmente nos levará à crença de que nossa decisão não foi a melhor. Considerar as principais premissas envolve estabelecer suposições que podem acontecer ou não. E caso a premissa se mostre como falsa, isso pode ter um impacto na nossa motivação, prejudicando todo o planejamento que foi traçado anteriormente ou mesmo o nosso investimento de tempo e dinheiro. Heath & Heath ilustram um caso de uma determinada senhora que fazia muffins light e dava para o seu esposo levar para o escritório. Chegando lá todos comiam os muffins e reclamavam, entre eles, que não era gostoso, provavelmente porque era seco devido ao baixo teor de gordura do bolinho. O feedback que essa senhora tinha era que os muffins eram devorados em questão de minutos e esse fato se repetiu várias vezes durante um bom tempo. Diante desse cenário, essa senhora resolveu então abrir seu próprio negócio de venda de muffins e seu marido correu para o escritório, todo empolgado, para contar a mais nova notícia. Provavelmente, a dona dos muffins, julgando que os mesmos eram um sucesso, acreditou na premissa de que ao abrir seu negócio provavelmente as vendas serão ótimas e portanto a nova empresa trará excelentes rendimentos. Será?


Avalie suas decisões de forma imparcial

Muitas vezes, num processo de decisão, podemos estar emocionalmente envolvidos, o que pode prejudicar a nossa análise quanto à melhor decisão a ser tomada. Isso é claramente identificado quando queremos comprar algum produto, seja um carro, uma casa ou qualquer outro bem cobiçado e que represente um desejo de consumo. Um vendedor bem treinado, além de enaltecer as características do produto que você está comprando, pode também fazer diversos apelos emocionais, tais como: imagine você dirigindo esse carro, seus amigos vão adorar, sua esposa vai amar, esse carro casa bem com sua personalidade, entre diversos outros apelos. Para que você possa tomar uma decisão em seguir ou não adiante na compra desse carro, é importante, no caso, se retirar intimamente por alguns instantes e começar a pensar de forma mais racional, como se fosse uma pessoa que não tivesse nada a ver com a situação. Durante esses momentos de introspecção, certamente podem surgir perguntas do tipo: Lembre-se que esse investimento irá comprometer 20% do seu orçamento durante 36 meses. Você está disposto a sacrificar outras coisas da sua vida? Você já avaliou o preço do seguro deste carro? Você já calculou quanto você irá gastar por mês? Qual a taxa de desvalorização? Será que um modelo mais simples não te atenderia melhor? Ao avaliar a situação de forma imparcial, você pode algumas vezes descobrir que o melhor seria investir num carro mais simples ou mesmo num modelo usado ou pelo menos ponderar melhor sua escolha de maneira que ela não gere arrependimento no futuro. Para essas situações em que a emoção pode prejudicar a nossa tomada de decisão, os irmãos Heath sugerem avaliarmos a questão no 10/10/10, ou seja, qual o impacto dessa decisão na minha vida nos próximos 10 minutos? E nos próximos 10 meses? E, indo mais além, qual o impacto na minha vida nos próximos 10 anos? Avaliar o impacto da decisão no tempo certamente nos ajudará a fazer melhores escolhas.


Prepare-se para estar errado


Quando decidimos sobre alguma coisa evidentemente esperamos que a decisão seja a melhor e que traga os melhores resultados. Mas e se a decisão que tomamos não foi a melhor? Por mais racionais que tenhamos sido ou por mais técnicas que tenhamos utilizado na tomada de decisão, nada nos garante 100% de certeza que é ou sempre será a melhor decisão. Preparar para estar errado significa fazer, antecipadamente, suposições do tipo “e se...” e estabelecer um plano de contingência caso as coisas não ocorram conforme o planejado. Você pode, por exemplo, querer decidir sair do seu emprego atual e acredita que num prazo máximo de seis meses estará novamente empregado. Mas e se não estiver? E se o mercado der uma desacelerada juntamente nesse período? Considerar a possibilidade de estar errado requer algum nível de planejamento em relação ao impacto da decisão caso você tenha se precipitado. Algumas pessoas, por exemplo, só saem do atual emprego quando recebem uma proposta que lhes garanta a transição. Nessa situação, fica mais fácil decidir por sair da empresa, concorda?

Capa de "Decisive", de Chip & Dan Heath

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Meus agradecimentos ao Moisés pela colaboração, e aproveito para recomendar este livro, que infelizmente ainda não tem tradução para o português...



*********** Nova Lima, 26 de agosto de 2013, BRASIL

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Os ternos escuros de Obama

Vocês já repararam que Barack Obama só usa ternos escuros e camisas sociais brancas? Seria falta de criatividade ou mesmo  preguiça? Longe disto, vejam o que ele disse a respeito (tradução livre feita por mim):

"Vocês devem ter notado que só uso ternos escuros. Estou tentando simplificar as decisões. Não quero precisar decidir sobre o que vestir ou comer porque eu tenho decisões demais para tomar. Você precisa focar sua energia para tomada de decisão. Você precisa se ´rotinizar´, não pode passar o dia sendo distraído por questões triviais."


Barack Obama e seus ternos escuros



Obama, ao menos neste assunto, está certo. Roy Baumeister e John Tierney falam disto e outros assuntos associados em "Força de Vontade - A redescoberta do poder humano". Nossa capacidade de tomar decisões é uma atividade cognitiva e portanto sujeita a fadiga mental. É por isto que não é uma ideia nada boa deixar para tomar decisões importantes no final de um extenuante dia de trabalho, por exemplo. Quanto mais decisões você tomar ao longo do dia menos capacidade você terá para tomar decisões de forma adequada ("forma adequada" aplicada a processo de decisão é algo que pretendo explorar numa futura postagem).

Saiba mais: 

1. Vídeo (em inglês) de Roy Baumeister sobre "Willpower" (título original do livro citado acima).
2. Artigo de John Tierney (em inglês) no The New York Times sobre "Fadiga de Decisão".

***** Nova Lima, 20 de agosto de 2013.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Tomada de Decisão (Prévia)

Pessoal,

O "tema do mês" para mim em agosto é "Tomada de Decisão". Sempre achei que decidimos muito e mal, e nos últimos anos, quando passei a focar boa parte dos meus estudos nas competências comportamentais, separei uma parte do meu tempo para estudar esta competência específica. Boa parte dos resultados destes estudos será apresentada em minha palestra "Você sabe decidir?", que será apresentada no 13o. Seminário Internacional de Gerenciamento de Projetos do PMI-SP, seção regional São Paulo do Project Management Institute, que vai acontecer em São Paulo de 16 a 18 de setembro próximos. Confiram a descrição da palestra:

Tomada de decisões ("Decision Making") é uma das 11 habilidades interpessoais listadas no Guia PMBOK® como essenciais para a atuação de um gerente de projetos. A sobrecarga de informações coexiste muitas vezes com a falta de informação confiável e nós, profissionais de projetos, precisamos decidir dezenas de vezes por dia neste cenário. Em função disto acreditamos que é importante entendermos melhor esta habilidade e como podemos aperfeiçoá-la. Você quer aprender a decidir melhor?

A imagem abaixo mostra algumas das referências que devo usar para esta palestra, bem para o artigo associado que deve vir na sequência em revista setorial:


Literatura de referência sobre tomada de decisão

Infelizmente ainda não achei nenhum livro em português que possa recomendar sobre o assunto :( De qualquer forma, por ser este o "tema do mês" (e provavelmente do bimestre agosto-setembro) aguardem para breve novas postagens a respeito!

Ah, e para quem ficou curioso sobre quais seriam as outras 10 habilidades interpessoais listadas no Guia PMBOK® como essenciais para a atuação de um gerente de projetos segue a lista completa:



Eu uso esta lista em meu trabalho como coach, pois a maior parte dos meus clientes é da área de projetos e chegou a um nível de senioridade em que estas competências passam a ser um importante diferencial de carreira, já que num determinado ponto da nossa carreira a excelência técnica deixa de ser um diferencial e passa a ser um pré-requisito, e aí quem tiver uma boa proficiência em habilidades interpessoais (que em grande parte são relacionadas com Inteligência Emocional) terá maiores oportunidades de evolução profissional.

Seu fosse escrever agora a próxima postagem da série acho que falaria sobre a relação entre intuição e tomada de decisão, em especial sobre como buscar identificar situações em que a intuição mais atrapalha do que ajuda na hora de tomarmos decisões!


***** NOVA LIMA, 05 de agosto de 2013.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Palestra sobre Projetos de Capital

Pessoal,

Segue link para a palestra "Utilização prática de métodos de seleção e priorização de projetos alinhados à estratégia da empresa", que apresentei no evento  “PORTFOLIO MANAGEMENT STRATEGIES - 2ª EDIÇÃO”, IQPC, Rio de Janeiro, em outubro de 2009:

"Utilização prática de métodos de seleção e priorização de projetos alinhados à estratégia da empresa"



Nela eu falo um pouco sobre minha experiência na Vale com modelos de gestão para projetos de capital (uma das minhas especialidades como consultor), que neste contexto são projetos que tenham as seguintes características:

• Implicam em aumento de capacidade do sistema de produção ou logístico
• Demandam aprovação executiva para início das obras
• Provocam significativo impacto sócio-ambiental na região (ou mesmo no país) em que serão implantados

Boa leitura!

*********** Nova Lima, 9 de julho de 2013, BRASIL


sábado, 29 de junho de 2013

Resenha do livro "Seja Assertivo!"

Pessoal,

Segue abaixo a segunda colaboração (postagem escrita por outra pessoa) do meu blog, uma resenha do excelente livro "Seja Assertivo!", de autoria de Vera Martins, escrito pela colega Luciana Horst:





Por ter sido um dos primeiros livros que li sobre este assunto, considero o livro Seja Assertivo da Vera Martins muito bom. Com ele compreendi que ser assertivo não é apenas um comportamento, mas sim uma filosofia de vida.

Para mim, a maior contribuição do livro é o entendimento de que somos responsáveis apenas pelos nossos sentimentos, não pelos comportamentos e escolhas dos outros (Eu tenho uma forte tendência a me culpar por tudo...). Outra questão muito importante é entender que as pessoas agem conforme suas experiências, crenças e valores, acumulados ao longo da vida. Ou seja, estamos sempre ouvindo e julgando os outros conforme nossas vivências, nosso ponto de vista. Para nos tornamos assertivos, precisamos nos “colocar na situação” do outro, não o julgando como gostaríamos que ele fosse, mas aceitando-o como ele é. Essa ausência de julgamento prévio certamente trará um enorme ganho para comunicação assertiva, propiciando relacionamentos mais construtivos e transparentes e menos conflituosos.
A forma com que nos comunicamos também influencia na nossa assertividade. O uso da forma EU-AFIRMAÇÃO (Eu me sinto desrespeitado quando você passa a informação diretamente a meu chefe. Que tal conversarmos antes?), que demonstra que assumimos a responsabilidade pelos nossos sentimentos e informa ao nosso interlocutor que esperamos um resultado diferente do acontecido, resultando em uma comunicação mais objetiva e eficaz, despertando a cooperação do nosso interlocutor.

Tornar-se uma pessoa assertiva, portanto, requer mudanças de comportamento, e, muitas vezes de nossos valores e crenças.


Comunicar-se assertivamente é dizer a coisa certa, da forma certa, na hora certa, no local certo e para a pessoa certa.”


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Agradeço imensamente à Luciana pela colaboração e reitero a recomendação deste livro!



*********** Nova Lima, 29 de junho de 2013, BRASIL

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Que animal é você?

Já pensou como devia ser a vida no tempo em que nós humanos vivíamos como nômades nas planícies africanas? Éramos um dos seres mais indefesos, um dentre vários elementos de uma cadeia alimentar que tinha em seu topo o majestoso Leão!


Não sei quanto a vocês, mas eu sempre fiz uma associação muito forte entre África (que sim, eu sei que é um continente!) e o que depois descobri se chamar Serengueti . Milhares de zebras, crocodilos, leões, gnus, elefantes, girafas e outros bichos me fazendo sempre pensar em como devia ser viver no meio destes animais sem grandes mecanismos de proteção como temos hoje. Acho que eu não duraria sozinho por ali nem mesmo uma semana...


O Serengueti

Em função disto tudo, a palavra Serengueti sempre exerceu grande fascínio sobre mim, portanto foi com grande expectativa que me preparei, em outubro de 2011, para assistir em Dallas (como parte da minha MaratonaTexana  ) à palestra “The Safari of Self Discovery”, por Stefan Swanepoel, autor de um livro cuja capa de imediato me chamou a atenção.
Pois agora, pouco mais de um ano e meio depois de assistir a palestra, fazer o teste (eu sou um Leão Estratégico!) e ler o livro, descobri que o livro saiu em português no Brasil e decidi fazer uma curta resenha, vamos lá:


Autor: Stefan Swanepoel
Editora: Alta Books
Publicado em 2012, 192 páginas


Neste livro o autor, que nasceu na região do Serengueti, usa a técnica de storytelling (cada vez mais usada nos livros de administração e negócios, assim como por este autor!) para apresentar uma descrição de tipos de personalidade baseadas em animais do Serengueti. Acho que li o livro de uma sentada, e devo dizer que senti uma certa inveja do autor por não ter pensado em algo parecido (como escrever um livro de negócios/administração usando como pano de fundo a fauna amazônica, por exemplo). Leitura fácil, rápida, que nos faz pensar, um misto de “Sessão da Tarde” com aquelas matérias científicas do Fantástico. Recomendo FORTEMENTE o livro e o teste. Se está em dúvida, faça o teste primeiro, infelizmente este só existe online na versão em inglês, confira:





 Um abraço a todos!


****** Nova Lima, BRASIL - 12 de junho de 2013.