segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Decisão: Rápido e Devagar

Responda rápido: uma raquete e uma bola custam R$1,10 no total. A raquete custa R$1,00 a mais do que a bola. Quanto custa a bola?

Se você respondeu R$0,10 ficou na companhia da maioria, porém respondeu errado! Faça as contas com calma e verá que a bola custa R$0,05 e a raquete R$1,05. Mais da metade dos estudantes das prestigiadas universidades americanas Princeton e Michigan cometeram o mesmo erro numa pesquisa. Motivo? Responderam com o Sistema 1, rápido e praticamente automático!

“Claramente as pessoas que responderam a pergunta o fizeram sem nenhum tipo de verificação de sua resposta”, afirma Daniel Kahneman, israelense ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2002 por suas contribuições à compreensão do processo de tomada de decisões individuais, área hoje conhecida como Finanças Comportamentais. A maior parte do trabalho de Kahneman tem a coautoria do também israelense Amos Tversky, morto em 1996, vítima de câncer. 

Daniel Kahneman


 “As pessoas não estão acostumadas a pensar com calma e em geral se satisfazem em confiar em uma resposta plausível que venha rapidamente à mente”, continua Kahneman. O problema é que muitas vezes esta primeira resposta é... ERRADA!

Nova pergunta: se uma pessoa recebe R$4.500,00 líquidos por mês e gasta R$1.800,00, quanto ela consegue economizar em um ano?

Se você recorreu a caneta e papel ou a uma calculadora deve ter corretamente respondido R$32.400,00, certo? O Sistema 1 checou a pergunta e viu que esta não era para ele, portanto você deve ter respondido com o Sistema 2, mais lento (em comparação com o sistema 1) e analítico.

Kahneman fala destes dois sistemas e de como muitas vezes tomamos decisões erradas em seu excelente livro “Rápido e Devagar”. No livro ele divide a nossa mente em dois componentes, chamados de sistemas. O sistema 1 toma decisões rápidas, de maneira intuitiva e sem esforço, baseadas em nossa memória associativa (é o Rápido). Já o sistema 2, mais lento, é acionado quando nos encontramos em uma situação que exija concentração (é o Devagar). Não teríamos sobrevivido sem nenhum dos dois! Por exemplo, quando dirigimos um carro na ida e volta para casa, num trajeto familiar, usamos o Sistema 1. Mas se passarmos por uma mudança nesta rotina (como uma mudança de endereço) corremos o risco de errar o destino, “enganados” pelo Sistema 1. Isto me faz lembrar daquelas tragédias frequentes em que um pai esquece o filho bebê dentro do carro, em geral quando teve que mudar sua rotina a pedido da esposa.



Capa de "Rápido e Devagar", de Daniel Kahneman

Isto significa que não devemos usar o Sistema 1 na hora de tomar decisões? Bom, na prática isto seria impossível, pois tomamos diariamente centenas de decisões baseadas nele, a maior parte inconsciente/automática, como por exemplo calçar os chinelos quando nos levantamos da cama. Mas devemos sim ficar atentos às peças que este sistema, no qual se baseia fortemente a nossa intuição, nos prega muitas vezes!

Fontes primárias para esta postagem:

“Não dependa da intuição para tomar decisões”



*********** Nova Lima, 02 de setembro de 2013, BRASIL

2 comentários:

  1. Gostei do artigo Ivo. Realmente o automatismo acaba nos deixando incapazes de pensar "fora da caixa". Grande abraço. Wellington Coelho

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  2. Mto interessante Ivo. São aquelas situações em que vc tem segundos para tomar as decisões....
    Achei interessante o que ele diz: " Kahneman avisa: “Aprenda a reconhecer as situações mais suscetíveis a enganos e evite a intuição se fizer uma aposta alta”. Siga a intuição — mas cuide de seu dinheiro"
    O site ( https://www.lumosity.com ) ajuda a trabalhar e exercitar o nosso "sistema 1".
    Abs Alan William

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