quinta-feira, 23 de março de 2023

(Falta de) Empatia

Cena 1 

De manhã cedo, no elevador com Bianca, minha filha mais velha (13 anos), indo pra escola. Uma vizinha entra no elevador com as duas filhas pequenas (menos de sete anos cada). Bianca, que tem hiperfoco, olha pra vizinha e diz para ela:

  - "Muito bonita a sua sandália!"

Conhecendo a Bianca eu sei que foi um presente dado àquela pessoa, que responde um "obrigada" curto e seco, sem olhar na cara dela ou sequer esboçar um sorriso.

A vizinha desce com as filhas e Bianca me pergunta:

  - "Papai, ela não gosta da gente?"

Eu respondi:

  - "Não sei, filhinha, mas por favor procure não conversar com ela."


Cena 2

Minha esposa (Luiza) está descendo com Bianca no início da tarde para uma aula de natação, e elas se encontram com a mesma vizinha. Bianca nem se lembra do que pedi a ela pela manhã e oferece para a vizinha um anel de biscuit feito por ela. A vizinha, que estava carregando uma caixa, responde, de novo de forma curta e seca, sem olhar na cara dela ou sequer esboçar um sorriso:

  - "Não posso pegar."

Estas cenas, quer confesso que me deixaram triste, me lembraram da estória dos barcos vazios e desta frase de Marshall B. Rosenberg:


 

*** Belo Horizonte, 24 de março de 2023