domingo, 29 de dezembro de 2019

O que li e gostei em 2019

Quer saber mais sobre o que achei de algum destes títulos? Poste sua pergunta nos comentários que eu respondo.


  • Sinek, Simon. “Leaders Eat Last”
  • Meyer, Erin. “The Culture Map” 
  • Whitmore, John. “Coaching for Performance” 
  • Grenville-Cleave, Bridget. “Positive Psychology: A Practical Guide”
  • Mlodinow, Leonard. “Elastic”
  • Seligman, Martin E.P.. “Flourish”
  • Llosa, Mario Vargas. “La Tía Julia Y El Escribidor”
  • Martins, Vera. “O Emocional Inteligente”
  • Franzen, Jonathan. “Purity" 
  • Goleman, Daniel. “Focus”
  • Casares, Adolfo Bioy. “Dormir al sol”
  • Weiss, Alan. “Threescore and More”
  • Flyvbjerg, Bent; e outros. “Megaprojects and Risk”
  • Queiroz, Eça de. “Alves & Cia.”
  • Filatro, Andrea; Cavalcanti, Carolina Costa. “Metodologias Inov-ativas”
  • Smith, Corinne; Strick, Lisa. “Learning Disabilities: A to Z”
  • Tezza, Cristovão. “O filho eterno”
  • Veiga, José Eli da. “O Antropoceno e a Ciência do Sistema Terra”
  • Barcinski, André. “Pavões Misteriosos”
  • Serra, Cristina. “Tragédia em Mariana”
  • Caetano, Gustavo. “Pense simples”
  • Davenport, Thomas H.. “big data @ work”
  • Mattis, Jim; West, Bing. “Call Sign Chaos”
  • Tieppo, Carla. “Uma viagem pelo cérebro: a via rápida para entender neurociência”
  • Deaton, Ann V..”VUCA Tools for a VUCA World”
  • Ferreira, Jane Mendes; e outros. “Raciocínio Analítico”
  • McChrystal, Stanley; et al. “Leaders – Myth and Reality”
  • Burns, David D.. “Feeling Good”
  • Kendrick, Tom. “Identifying and managing project risk”
  • Gladwell, Malcolm. “Talking to Strangers”
  • Taleb, Nassim Nicholas. “Skin in The Game”
  • Westerman, George; and others. "Leading Digital"



Por último, gostaria de recomendar este livro lançado neste mês, organizado pelo meu amigo Roberto Pons e do qual sou autor do capítulo sobre Inteligência Emocional (para o qual eu tenho associado um Boot Camp de um dia):



Um abraço e boas leituras em 2020!

*** Belo Horizonte, 29 de dezembro de 2019

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Uma proposta (na verdade duas!) para 2020

Nestes tempos de reflexão de final de ano notei que muitas pessoas costumam refletir e reclamar sobre o que não conseguem mais fazer, como:

 - "Eu já não consigo passar a noite numa boate até amanhecer!"

- "Eu não consigo mais nadar 1.500 metros na piscina do clube como fazia com facilidade quando tinha 20 anos!"

- "Não dá mais para eu pegar o carro sexta à tarde com os amigos e ir com eles passar um final de semana em Cabo Frio, voltando em tempo de trabalhar na segunda cedo!"

- "Não consigo mais trabalhar 16 horas por dia no campo em uma implantação de sistema como fazia no início da minha carreira!"

Isto tudo sem falar das coisas que queríamos ter feito mas agora acreditamos que não dá mais, como por exemplo ter um filho ou aprender alemão. E por aí vamos, acho que passei a vocês uma ideia geral da coisa. Isto muitas vezes nos incomoda, às vezes até demais, como se estivéssemos ficando sem tempo para fazer o que que queremos. Mas será que isto realmente nos incomoda? E se a gente visse toda a questão com uma outra perspectiva? Experimente se perguntar:

#1. Eu ainda quero isto para a minha vida? 

#2. Se eu ainda quero, será que eu consigo? Se sim, pense no que precisa fazer para conseguir. Se não, pense no que pode fazer no lugar. Eu por exemplo não jogo mais futebol há muito tempo, e acabei descobrindo uma satisfação muito grande em fazer caminhadas ao ar livre. Ah, e tive minha primeira filha aos 44 anos.

#3. O que eu quero fazer para aproveitar melhor a minha vida e ser uma pessoa melhor?

Esta é talvez a questão mais importante, e aqui está o foco da mudança de perspectiva: ao invés de focarmos no que achamos que gostaríamos de fazer, proponho pensar se ainda somos capazes ou, por causa da nossa evolução como pessoa (que também é conhecida como maturidade), temos condições de aprender e fazer ainda melhor e tirar proveito disto levando em conta nosso momento de vida. Exemplo pessoal: aprender alemão? Hum, acho que agora não, mas espanhol, no qual já tenho uma certa fluência, pode ser, e vai me ajudar muito nos projetos profissionais!

Podemos considerar estas questões nas esferas pessoais e profissionais, quem já tem alguma maturidade sabe que as duas são na verdade faces de uma mesma moeda. 

Por último, já que estou propondo reflexões, seguem mais duas questões:

 - Quem pode me ajudar a aprender ou a ser melhor no que escolhi melhorar em mim a partir de 2020?

Afinal já disse Guimarães Rosa:



"É junto dos bão que a gente fica mió."


- A quem eu devo agradecer pelo apoio nas conquistas e desafios superados (grandes e pequenos) de 2019? 

Que tal ligar ou se encontrar com pelo menos uma destas pessoas e agradecer a ela?

Agora que terminei vi que na verdade não fiz uma proposta para 2020, mas sim duas! Espero que alguns de vocês as considerem e coloquem em prática. 

Inspiração para este texto: Alan Weiss’s Monday Morning Memo® – 12/23/2019


Um abraço e um 2020 com muita saúde, paz, harmonia, evolução e projetos bem sucedidos para você e seus entes queridos!

*** Belo Horizonte, 26 de dezembro de 2019

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Recordar é viver - Vacina via pistola

Ontem fui a um posto de saúde aqui em BH para iniciar meu ciclo de retomada das vacinas (por ter perdido a imunidade durante o meu tratamento). De cara um elogio: mais uma vez fui MUITO bem atendido pelo SUS, desta vez no CRIE - Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

Depois de tudo que passei nos últimos quatro anos devo dizer que fiquei bem mais corajoso quanto a picadas, mas esta coisa de tomar vacina me fez lembrar de um medo da minha infância/juventude. De 1976 a 1982 eu estudei no glorioso Colégio Militar de Belo Horizonte - CMBHMinhas lembranças do colégio são as melhores possíveis, e até hoje mantenho contato com colegas daquela época que também se lembram com carinho daqueles tempos. Mas e o tal medo que eu citei? Aí é que está, eu sempre tive medo de tomar vacina via picada, teve até uma vez em que, ainda criança, fugi do posto de vacinação no Hospital Militar da PM aqui em BH e levaram umas duas horas para me encontrar!

Pois é, no CM era quase impossível escapar de vacina: a gente era avisado na formatura da manhã (início às 6h45, isto mesmo!) de que na hora do recreio iríamos tomar a vacina x, y ou z. E só tinha um jeito de escapar: ter faltado no dia ou estar presente porém doente, só que neste caso tinha que ir para a enfermaria para ser examinado e obter um atestado que impedisse a vacinação. Não tinha esta coisa de autorização dos pais ou responsáveis, tinha que tomar e pronto!

Eu ficava pensando nisto durante as aulas até a hora do recreio. A gente fazia a fila e um militar ficava com a famosa pistola de vacinação aplicando em todo mundo, uns 5 segundos por aplicação. 

É difícil lembrar de forma objetiva da sensação da época, mas as lembranças que ficaram são de medo e dor, e uma certa vergonha para não deixar os colegas verem que estava com medo, se bem que eu acho que a grande maioria tinha medo. E até hoje me lembro do barulho: psshut! O aplicador acionava um compressor com o pé e aplicava a vacina no nosso braço.

Vejam um pouco como era:



Não tinha agulha, a dose da vacina saia em um jato muito fino e potente, tão potente que furava a pele e se alojava no tecido muscular, por isso a dor. Por conta da dor e outros fatores o método foi descontinuado anos depois, mas as lembranças (e pelo menos uma cicatriz no braço) duram até hoje...

E ontem, como foi? SUPER tranquilo, duas picadas em cada braço e uma em cada nádega, só uma picada no braço direito doeu um pouquinho, deve ter pegado no músculo. Ainda bem!

Um abraço e até a próxima,

*** Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Adeus meus amigos!

Eu pensava até conhecer a Luiza (minha esposa) que não gostava de gatos, fui criado numa casa que sempre teve cachorros. Aí a Mina chegou na nossa vida quando ainda morávamos em Manaus, em dezembro de 2002, e continua conosco até hoje. Durante muitos anos foi praticamente noss única filha, até a chegada da Bianca em 2009.

Depois vieram Ioiô, Yeyê e Juquinha. O Ioiô nos deixou em janeiro de 2011, a Yeyê no final de setembro e o Juquinha HOJE. Estamos todos muito tristes aqui em casa, em especial a Alice, pois quando ela nasceu o Juquinha era bem novinho (ela tem sete anos e ele tinha oito e meio, foi resgatado próximo ao Shopping Boulevard).

Acho que o Juquinha morreu de tristeza... Ele e a Yeyê eram muito próximos. Ela era surda e muito assustada, não deixava nenhuma pessoa pegá-la e sempre dormia em contato com o Juquinha. E ele de certa forma aceitou a Yeyê como uma espécie de irmã mais velha, além de melhor amiga. A Mina ficava de fora, sempre gostou de ficar sozinha ou no meu colo, nunca interagiu muito com os outros gatos.

Como eu disse a Yeyê nos deixou no final de setembro, já com cerca de 14 anos, de forma bem tranquila, acho que foi velhice mesmo. Desde então o Juquinha ficou estranho, às vezes miando pela casa procurando a amiga, meio que sem lugar. Nos últimos dias parou de comer, tentamos dar na boca, até que o levamos para um veterinário nesta terça. Tentaram de tudo, mas não teve jeito, a impressão é que ele perdeu a vontade de viver..

Eu sou extremamente agradecido pela convivência com nossos gatinhos, e confesso que senti muito as perdas até agora, em especial a do Juquinha, que depois dos sustos passados em 2017 (quando ele gastou umas quatro das suas sete vidas) me fez pensar que ele ficaria conosco pelo menos até a Alice chegar à adolescência. Não era para ser, e agora ficam as lembranças, todas muito boas.

Como agnóstico não posso me consolar na crença de que eles foram para um lugar melhor, mas posso torcer! E claro, ficar muito agradecido pela convivência com estes seres maravilhosos por todos estes anos. Nunca irei me esquecer de vocês!

Nas fotos a seguir a Yeyê é a gatinha branca e o Juquinha é cinza.









Um abraço e até a próxima,

*** Belo Horizonte, 17 de outubro de 2019

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Um domingo de outubro em Philly

"Oi Ivo, boa tarde!

Agradeço muito sua atenção. Fechamos hoje o processo e posso abrir neste momento que a M2 não foi contemplada. Tivemos uma proposta que melhor nos atendeu comercialmente.

De toda forma desejo poder continuar contando com vocês para nossos processos futuros.


Mais uma vez, obrigado."

Tudo começou com a decepcionante mensagem acima, recebida em 25-set, uma quarta-feira. Depois de quatro meses conversando com um cliente potencial, ter ajudado a elaborar a descrição técnica da necessidade e incorrido no custo de oportunidade de não buscar ou aceitar outros projetos que pudessem entrar em conflito com este me vi sem um projeto de cerca de 16 semanas que iria me ocupar praticamente em tempo integral neste final de ano...

Fiquei chateado uns três dias, mas me lembrei que na segunda, dia 30, faria a última sessão de quimioterapia do meu tratamento que começou, nesta etapa, em setembro do ano passado. Foram 28 sessões, além da químio mais pesada que fiz em março deste ano. Razão para comemorar, afinal é um marco importante na minha vida, pois fora ter que tomar de novo todas as vacinas eu volto a ser independente (um dos valores mais importantes para mim) e não preciso me prender a um tratamento de saúde complicado e que me toma MUITO tempo e energia. Precisava comemorar!

No domingo dia 29 entrei na Internet e vi que conseguiria emitir passagens com milhas da Gol (Smiles) e da American (AAdvantage), segui o conselho da Patricia Ryan Madson   ("Say Yes") e agendei passagens e hotel e pedi minha inscrição gratuita para o evento comemorativo dos 50 anos do PMI em Philly (Filadélfia), o Leadership Meeting North America 2019, de 03 a 05 de outubro. Vim para cá (escrevo este texto na manhã/tarde de segunda antes de embarcar de volta para o Brasil) na quarta passada, dia 2, e estou em vias de embarcar de volta para o Brasil MUITO satisfeito com minha decisão e com a viagem em si.

A parte relativa ao evento do PMI foi bem legal, postei fotos e comentários nas minhas redes sociais e fiz um monte de contatos relevantes. Sou voluntário da instituição desde 2005 (a partir de 2014 no nível estratégico) e já viajei muito por conta desta frente de trabalho na minha vida. Conheci pessoas do mundo todo e tive oportunidade de conhecer ou visitar lugares como Santiago, Vancouver, Chicago, Milão, Cancun, Dallas, Lima e agora Philadelphia (esta pelo sexto ano seguido, a segunda visita neste ano, aqui fica a sede mundial do PMI). Ainda devo atuar por pelo menos um ano como voluntário estratégico do PMI (nível global), mas posso dizer que até aqui ganhei muito mais do que dei de volta! Pena que em quase todas as viagens estava sozinho, sem esposa ou filhas, um dia ainda volto a todos estes lugares acompanhado das meninas!

Nesta postagem queria falar como foi meu domingo, dia livre por aqui, meio na linha desta outra postagem que fiz sobre uma passagem por Los Angeles em 2013. Coloco as fotos e comento em cima delas tentando dar uma ideia sobre como foi este domingo livre e sozinho aqui em Philly! 





Este é meu café da manhã, tomei no Reading Terminal Market (uma espécie de Mercado Central de Philly), no Molly Malloy's. O café americano continua horrível, mas o sanduíche estava muito bom!

Depois do café da manhã, como bom brasileiro fiz umas comprinhas na região do hotel. Comprei pouca coisa, achei tudo muito caro, ou então sou eu que estou mais pobre :)








Esse tal de Shakespeare sabia das coisas. Caminhada de cerca de uma milha até o Museu de Arte de Filadélfia, com direito a caminhão de sorvete e uma vista belíssima no trajeto.



Estátua do Rocky do lado de fora do museu. Desta vez não entrei na fila para tirar foto (já fiz isto há uns dois ou três anos), mas subi toda a escadaria do museu.











Esta é a principal razão para minha visita ao museu: um quadro da série "Girassóis", de Van Gogh, meu pintor preferido, de quem falei em outra postagem em janeiro de 2015. O museu tem outras três obras do Vincent, todas na mesma sala.



















Van Gogh, Kandinsky, Renoir, Monet, Mondrian... Nossa, muito bonito, fiquei emocionado e energizado!








Depois de tudo isto nova caminhada, passei na Barnes & Noble (que ainda resiste firme e forte) e depois parei para comer uma pizza no Pietro's. Azeite tem que ser pedido à parte, é gratuito mas vem num pires :( 





Um Expresso no Starbucks, porque café americano nenhum brasileiro merece...

Bem legal poder caminhar por Philly por todo lado, foi a primeira vez que estive na cidade fora do inverno, quando andar a pé é bem complicado por conta do frio e da neve.








Chegando no hotel, cansado mas muito feliz com o dia! Interessante, sempre que viajo gosto de voltar ao hotel, acho que transfiro para este lugar a sensação de lar.

E o que vem a seguir para mim? Dá um pouco de frio na barriga pensar na retomada total, mas me sinto bastante animado, já deixei para trás a decepção citada no início, afinal isto não é nada diante de tudo o que está vindo por aí. Como vivemos numa economia orientada a projetos eu vou continuar trabalhando em diversas frentes, sempre buscando manter a minha independência. Algumas destas frentes são (desculpem o comercial, mas se você leu até aqui pode vir a se interessar por alguma delas e até quem sabe me contratar!):

1. Oferta de serviços de consultoria, treinamentos, mentoria e palestras corporativas sobre temas como:

  - Análise quantitativa de riscos (vou fazer uma nesta semana para um grande projeto, logo na minha volta ao Brasil);
  - Desenvolvimento de líderes
  - Construção de Equipes em Tempos Difíceis
  - Inteligência e Agilidade Emocional
  - Mindfulness
  - Pensamento Complexo
  - Gerenciamento organizacional de projetos
  - (Re)desenho de PMO
  - Recuperação de projetos
  - Projetos de capital
  - Alinhamento estratégico e gestão de portfólios
  - (Re)desenho organizacional
  - Transformação digital
  - Diversidade cultural

 2. Aulas e coordenação de cursos de Pós Graduação em gerenciamento de projetos no IETEC, onde atuo desde 2005.

 3. Cursos à distância de gerenciamento de projetos e de preparação para a certificação PMP do PMI, também em parceria com o IETEC.

4. Programas educacionais à distância focados em competências comportamentais em parceria com a Project Lab, como o Cubo Minds, onde sou um dos mentores da trilha de Liderança

5. Atendimento de clientes de coaching. Aqui já acumulo cerca de 500 sessões desde que comecei a atender em 2013. Apesar da fama ruim que o coaching vem tendo no Brasil (tive um cliente que me sugeriu arrumar outro nome para este trabalho que eu ofereço!)  eu gosto muito desta frente, por ser bem pessoal e me permitir ver retorno positivo para os clientes rapidamente.

6. Projetos de novos produtos e ofertas: vão desde uma possível parceria na fabricação de cerveja artesanal até o desenvolvimento de uma nova oferta voltada para nossa melhoria pessoal e profissional (programa "Melhore!"). Aqui vou procurar seguir a regra do "Say Yes" e avaliar com muito carinho as oportunidades que forem identificadas, afinal:


”I am the master of my fate, 
I am the captain of my soul.” 
(do poema “Invictus”, de William Ernest Henley)


Um abraço e até a próxima!

*** Filadélfia, Estados Unidos - 07 de outubro de 2019

domingo, 6 de outubro de 2019

50 anos do PMI

Estou em Filadélfia, Estados Unidos participando dos eventos comemorativos dos 50 anos do PMI - Project Management Institute. Me filiei em 2003, tirei minha primeira certificação em 2004 (PMP) e atuo como voluntário da organização desde 2005, com muito orgulho e satisfação.

Numa economia cada vez mais baseada em projetos o PMI deve manter ou mesmo ampliar sua relevância nos próximos anos!






Última foto: projeto da aeronave E 190 da EMBRAER premiado como Projeto do Ano pelo PMI.

*** 06 de outubro de 2019, Filadélfia, Estados Unidos

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Megaprojetos e Riscos

Megaprojetos e Riscos

A foto abaixo é de uma lista de livros que separei nos últimos dias para ler/reler/refletir a respeito, em virtude de um possível projeto para um cliente que desenvolve projetos de capital.


Megaprojetos e Riscos: uma pequena bibliografia

Projetos de capital são projetos que possuam as seguintes características:
(definição tirada desta minha apresentação):


  • Implicam em aumento de capacidade do sistema de produção ou logístico;
  • Demandam aprovação executiva para início das obras;
  • Provocam significativo impacto sócio-ambiental na região (ou mesmo no país) em que serão implantados.
E megaprojeto, o que seria? Segundo Hirsham (1995):


"Megaprojects are large-scale, complex ventures that typically cost a billion dollars or more, take many years to develop and build, involve multiple public and private stakeholders, are transformational, and impact millions of people."



Tradução minha:



"Megaprojetos são empreendimentos complexos de grande escala que tipicamente custam um bilhão de dólares ou mais, demoram vários anos para serem desenvolvidos e construídos, envolve múltiplas partes interessadas públicas e privadas, são transformacionais e impactam milhões de pessoas."




Exemplos de megaprojetos brasileiros:


Ponte Rio-Niterói


Agora um pouco sobre os livros da foto lá em cima:

1. "Say Yes to Project Success", por Karthik Ramamurthy e Sripriya Narayanasamy, 2017 (em inglês): não é diretamente relacionada a megaprojetos ou gerenciamento de riscos, mas eu separei para dar uma nova conferida, pois traz depoimentos de diversos especialistas sobre vários temas ligados a gerenciamento de projetos (eu apareço na página 14!).

2. "Megaprojects and Risk", por Bent Flyvbjerg, 2003 (em inglês). Quer entender porque megaprojetos, tanto na esfera pública quanto privada, tendem a estourar orçamento e cronograma? Este livro é uma EXCELENTE referência, mesmo sendo de 2003 (parece que não aprendemos muito mais sobre o assunto desde então...). É um livro escrito em linguagem acadêmica, mas cheio de referências e ideias bastante interessantes. Uma delas, e que coincide com minha experiência com megaprojetos, é de que atrasos e estouros de orçamento neste tipo de projeto ocorrem por diversos motivos, mas os principais são:

  - Superestimativa dos benefícios esperados para o projeto: o Business Case (ou documento equivalente) que justifica o projeto tende a superestimar os benefícios esperados para o projeto. Por quê? Por se tratar de um documento geralmente elaborado por uma consultoria contratada pelo dono do projeto, que de forma em geral inconsciente tende a gerar um estudo que coincida com as expectativas do cliente. Isto só poderá ser verificado anos depois, se e quando o projeto for concluído e entrar em operação.

Exemplo concreto citado no livro: projeto do "Channel Tunnel", (chamado em português de Eurotúnel) túnel submarino entre França e Reino Unido inaugurado em 1994 e com cerca de 50 quilômetros de extensão. O estouro no orçamento ("cost overrun") foi de 80%, mas tão ruim ou mesmo pior do que isto foi o retorno realizado versus o esperado, confiram este trecho de um artigo bem interessante do Bent Flyvbjerg ("What You Should Know About Megaprojects, and Why: An Overview", Draft 9.2,  April-May 2014):

(Extraído das páginas 9 e 10 - os grifos são meus):

"As a case in point, consider the Channel tunnel in more detail. This project was originally promoted as highly beneficial both economically and financially. At the initial public offering, Eurotunnel, the private owner of the tunnel, tempted investors by telling them that 10 percent "would be a reasonable allowance for the possible impact of unforeseen circumstances on construction costs." In fact, costs went 80 percent over budget for construction, as mentioned above, and 140 percent for financing. Revenues have been half of those forecasted. As a consequence the project has proved non-viable, with an internal rate of return on the investment that is negative, at minus 14.5 percent with a total loss to the British economy of 17.8 billion US dollars. Thus the Channel tunnel detracts from the economy instead of adding to it. This is difficult to believe when you use the service, which is fast, convenient, and competitive with alternative modes of travel. But in fact each passenger is heavily subsidized. Not by the taxpayer this time, but by the many private investors who lost their money when Eurotunnel went insolvent and was financially restructured. This drives home an important point: A megaproject may well be a technological success, but a financial failure, and many are. An economic and financial
ex post evaluation of the Channel tunnel, which systematically compared actual with forecasted costs and benefits, concluded that "the British Economy would have been better off had the Tunnel never been constructed" (Anguera, 2006: 291)."

Resumindo em bom português: em termos estritamente econômicos e financeiros teria sido melhor NÃO realizar o projeto, e quem investiu nele (o projeto teve oferta pública de ações para captação de recursos) tem poucas chances de algum dia vir a recuperar o seu investimento...

  - Subestimativa dos recursos e riscos esperados para o projeto: aqui entram vários fatores, com destaque para o viés de confirmação (falei um pouco dele aqui), onde incorremos no erro de aceitar tudo que valida nossa hipótese inicial e deixar de lado qualquer coisa que a contradiga (qualquer semelhança com o atual clima de discussão política no Brasil e no Mundo NÃO é mera coincidência) e para uma ausência de uma análise de riscos robusta e condizente com a complexidade do projeto.

Termino de falar sobre este livro reproduzindo uma tabela sobre estouros de custo em megaprojetos de um artigo do mesmo autor:

Lista de megaprojetos que tiveram estouro de orçamento ("cost overrun") - Fonte: "What You Should Know About Megaprojects, and Why: An Overview", Draft 9.2,  April-May 2014, by Bent Flyvbjerg


3. "Industrial Megaprojects", por Edward W. Merrow, 2011 (em inglês). Ed Merrow é o fundador do IPA (Independent Project Analysis), uma consultoria internacional focada em projetos de capital que já avaliou dezenas de milhares de projetos e foi a responsável pela introdução no Brasil, na Petrobras por volta de 2003 e na Vale e outras empresas pouco tempo depois, do conceito de FEL - Front End Loading. Não é hora de descrever o conceito de FEL em detalhe (sugiro conferir o link colocado acima), mas basicamente o que ele significa é que organizações devem investir recursos na fase de desenvolvimento do projeto ANTES de decidirem se irão ou não executar o projeto. A etapa de desenvolvimento custa em geral menos de 10% do valor do projeto e pode ajudar uma organização a economizar recursos que seriam investidos num projeto que não irá se pagar ao fim de sua execução.

Infelizmente o livro não descreve o FEL em detalhes, mas descreve em alto nível as principais variáveis de sucesso em megaprojetos, como:

  - Coleta de informações;
  - Formação e organização da equipe do projeto (que deve ser integrada e transdisciplinar);
  - Definição do projeto (FEL);
  - Contratações;
  - Gerenciamento de riscos;
  - Foco no sucesso.

Se você trabalha ou se interessa por megaprojetos/projetos de capital esta é uma boa recomendação!


4. "Identifying and Managing Project Risk: Essential Tools for Failure-Proofing Your Project ", por Tom Kendrick, 2015 (em inglês). junto com a referência #8 abaixo eu considero uma EXCELENTE referência para quem deseja conhecer e/ou implantar em sua organização um processo de eficaz de gerenciamento de riscos em projetos, mesmo para quem não trabalha com megaprojetos ou projetos de capital. Bem detalhado, já me ajudou em mais de uma consultoria para clientes sobre o tema!

5. "Reinventing Project Management: The Diamond Approach to Successful Growth & Innovation", por Aaron J. Shenhar e Dov Dvir, 2007 (em inglês). Este com certeza está na minha lista de "Top 10" referências em gerenciamento de projetos. Ele apresenta o "Diamond Approach", um processo desenvolvido pelos autores para definição da melhor metodologia ou processo de GP para um projeto, com base nas dimensões complexidade, inovação, tecnologia e passo (ritmo), conforme a figura abaixo:


Dimensões consideradas no "Diamond Approach" de Shenhar/Dvir (também chamado de modelo NTCP). Fonte: https://www.revistaespacios.com/a15v36n11/15361122.html 

 Um verdadeiro guia prático de como se fazer o "tailoring" (customização) de um processo para um projeto específico! 

Aqui tem um resumo (em inglês) do livro.


6. "Megaproject Management: Lessons on Risk and Project Management from the Big Dig", por Virginia A. Greiman, 2013 (em inglês). Na figura mais acima com uma lista de megaprojetos que tiveram estouro de orçamento Bent Flyvbjerg listou o projeto Boston´s Big Dig artery/tunnel project, USA, com um estouro de custo de 220%. Este livro fala sobre lições aprendidas neste projeto sobre riscos e gerenciamento de projetos, e é mais um que está no meu "Top 10" de gerenciamento de projetos!

Aqui está um link para uma palestra (em inglês) de cerca de uma hora da autora feita em 2013 na Microsoft sobre o tema do livro.


7. "GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE CAPITAL PARA EXPANSÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA, por DARCI PRADO, 2014 (em português). De cara eu queria declarar que conheço e sou amigo do autor, Professor Darci Prado, há pelo menos 15 anos, mas isto de forma alguma interfere na minha opinião positiva sobre o livro (se eu não tivesse gostado simplesmente não o mencionaria, certo?). O livro fala sobre conceitos relacionados a projetos de capital, FEL e padrões existentes, e em seguida apresenta um modelo proposto pelo autor para tornar eficientes e eficazes os processos de gerenciamento a serem utilizados em projetos de capital. Ele é baseado na Tese de Doutorado  do autor em Projetos de Capital pela UNICAMP (2011) e complementado pela ampla experiência do autor em gerenciamento de projetos em geral e projetos de capital em particular.


8. "Proactive Risk Management: Controlling Uncertainty in Product Development", por reston G. Smith e Guy M. Merritt, 2002 (em inglês). "Irmão siamês" do #4. Mesma área de conhecimento, mas com abordagens complementares e muito bem descritas nos dois casos. Recomendo ambos, mas se precisar escolher só um recomendo o do Tom Kendrick (#4).


Boas leituras e sucesso nos seus projetos!

***** Ivo Michalick, 19 de agosto de 2019, Belo Horizonte, BRASIL