domingo, 25 de agosto de 2013

Técnica WRAP (Heath & Heath), descrita por Moisés Luna


Chip e Dan Heath (irmãos que sempre escrevem e publicam a quatro mãos) sugerem no excelente "Decisive: How to MakeBetter Choices in Life and Work"   algumas ações que podemos promover para tomar melhores decisões através de uma técnica que eles intitulam como WRAP, que significa (tradução livre):

·         Widen your options (Amplie suas opções)
·         Reality-test your assumptions (Avalie suas premissas)
·         Attain distance before deciding (Avalie suas decisões de forma imparcial)
·         Prepare to be wrong (Prepare-se para estar errado)


Amplie suas opções

É comum acreditarmos ao tomarmos uma decisão que temos apenas uma escolha entre duas possíveis. Num processo de decisão, por exemplo, entre mudar de emprego ou permanecer no emprego atual, ampliar as opções significa pensar em outras alternativas para solução do seu problema. Supondo que seu objetivo esteja relacionado com uma necessidade de melhorar sua carreira profissional, elevar seus ganhos financeiros e obter maior satisfação no trabalho, nem sempre a mudança de emprego ou a escolha de permanecer no atual trabalho são as únicas e as melhores decisões. Na decisão sobre mudar ou não, talvez você possa considerar outros opções tais como fazer um curso de aperfeiçoamento para obter ascensão profissional, uma viagem internacional para incrementar o seu currículo, criar um site e-commerce a fim de aumentar os seus rendimentos, abrir um negócio e tornar-se empresário, fazer concurso público e ganhar estabilidade profissional, entre outros eventos que podem permitir que você possa atingir os seus objetivos de vida e profissional.

Para você ampliar suas opções em relação a uma decisão importante que precisa tomar, um fator que pode contribuir é consultar alguém de seu relacionamento que tenha tomado decisão semelhante a sua. Muitas vezes, ouvir suas experiências pode lhe ajudar a abrir o seu leque de opções e considerar situações que você sequer imaginou anteriormente. Os autores sugerem trocarmos a duplicidade do “ou” (ou isso ou aquilo) e considerarmos o acréscimo do “e” (e isso e aquilo e aquilo outro...).


Avalie suas premissas

Decisões podem ser baseadas também em prognósticos de situações futuras que acreditamos que acontecerão. Porém, caso não ocorram, isso fatalmente nos levará à crença de que nossa decisão não foi a melhor. Considerar as principais premissas envolve estabelecer suposições que podem acontecer ou não. E caso a premissa se mostre como falsa, isso pode ter um impacto na nossa motivação, prejudicando todo o planejamento que foi traçado anteriormente ou mesmo o nosso investimento de tempo e dinheiro. Heath & Heath ilustram um caso de uma determinada senhora que fazia muffins light e dava para o seu esposo levar para o escritório. Chegando lá todos comiam os muffins e reclamavam, entre eles, que não era gostoso, provavelmente porque era seco devido ao baixo teor de gordura do bolinho. O feedback que essa senhora tinha era que os muffins eram devorados em questão de minutos e esse fato se repetiu várias vezes durante um bom tempo. Diante desse cenário, essa senhora resolveu então abrir seu próprio negócio de venda de muffins e seu marido correu para o escritório, todo empolgado, para contar a mais nova notícia. Provavelmente, a dona dos muffins, julgando que os mesmos eram um sucesso, acreditou na premissa de que ao abrir seu negócio provavelmente as vendas serão ótimas e portanto a nova empresa trará excelentes rendimentos. Será?


Avalie suas decisões de forma imparcial

Muitas vezes, num processo de decisão, podemos estar emocionalmente envolvidos, o que pode prejudicar a nossa análise quanto à melhor decisão a ser tomada. Isso é claramente identificado quando queremos comprar algum produto, seja um carro, uma casa ou qualquer outro bem cobiçado e que represente um desejo de consumo. Um vendedor bem treinado, além de enaltecer as características do produto que você está comprando, pode também fazer diversos apelos emocionais, tais como: imagine você dirigindo esse carro, seus amigos vão adorar, sua esposa vai amar, esse carro casa bem com sua personalidade, entre diversos outros apelos. Para que você possa tomar uma decisão em seguir ou não adiante na compra desse carro, é importante, no caso, se retirar intimamente por alguns instantes e começar a pensar de forma mais racional, como se fosse uma pessoa que não tivesse nada a ver com a situação. Durante esses momentos de introspecção, certamente podem surgir perguntas do tipo: Lembre-se que esse investimento irá comprometer 20% do seu orçamento durante 36 meses. Você está disposto a sacrificar outras coisas da sua vida? Você já avaliou o preço do seguro deste carro? Você já calculou quanto você irá gastar por mês? Qual a taxa de desvalorização? Será que um modelo mais simples não te atenderia melhor? Ao avaliar a situação de forma imparcial, você pode algumas vezes descobrir que o melhor seria investir num carro mais simples ou mesmo num modelo usado ou pelo menos ponderar melhor sua escolha de maneira que ela não gere arrependimento no futuro. Para essas situações em que a emoção pode prejudicar a nossa tomada de decisão, os irmãos Heath sugerem avaliarmos a questão no 10/10/10, ou seja, qual o impacto dessa decisão na minha vida nos próximos 10 minutos? E nos próximos 10 meses? E, indo mais além, qual o impacto na minha vida nos próximos 10 anos? Avaliar o impacto da decisão no tempo certamente nos ajudará a fazer melhores escolhas.


Prepare-se para estar errado


Quando decidimos sobre alguma coisa evidentemente esperamos que a decisão seja a melhor e que traga os melhores resultados. Mas e se a decisão que tomamos não foi a melhor? Por mais racionais que tenhamos sido ou por mais técnicas que tenhamos utilizado na tomada de decisão, nada nos garante 100% de certeza que é ou sempre será a melhor decisão. Preparar para estar errado significa fazer, antecipadamente, suposições do tipo “e se...” e estabelecer um plano de contingência caso as coisas não ocorram conforme o planejado. Você pode, por exemplo, querer decidir sair do seu emprego atual e acredita que num prazo máximo de seis meses estará novamente empregado. Mas e se não estiver? E se o mercado der uma desacelerada juntamente nesse período? Considerar a possibilidade de estar errado requer algum nível de planejamento em relação ao impacto da decisão caso você tenha se precipitado. Algumas pessoas, por exemplo, só saem do atual emprego quando recebem uma proposta que lhes garanta a transição. Nessa situação, fica mais fácil decidir por sair da empresa, concorda?

Capa de "Decisive", de Chip & Dan Heath

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Meus agradecimentos ao Moisés pela colaboração, e aproveito para recomendar este livro, que infelizmente ainda não tem tradução para o português...



*********** Nova Lima, 26 de agosto de 2013, BRASIL

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