domingo, 9 de setembro de 2012

IE: uma "bibliografia alternativa"

Pessoal,

Como ando falando muito de IE (Inteligência Emocional), resolvi compilar uma “bibliografia alternativa”, uma lista de referências que, apesar de não focada diretamente no assunto, pode nos ajudar a desenvolver a nossa IE. aqui vai:

Gladwell, Malcolm. “Outliers”. O que está por trás do sucesso de pessoas como Mozart, Bill Gates e The Beatles, dentre outros? Tem tradução para o português.


Ekman, Paul. “Emotions Revealed”. Ajuda DEMAIS na inteligência intrapessoal, em especial na parte de controle emocional.  Tem tradução para o português.


Martins, Vera. “Seja Assertivo!”. Na linha do Paul Ekman. Nós trouxemos a Vera a BH ano passado para o Congresso do PMI-MG, foi um dos meus preferidos em 2010


Mariotti, Humberto. “Pensando diferente”. Pensamento complexo explicado de forma bem didática, também foi um dos meus preferidos em 2010.


Amador, Pedro. “Autocoaching". Uso nas minhas sessões de coaching, simples e direto, pena que ainda sem tradução para o português.


Simmons, Annette. “The Story Factor”. Uma das melhores referências sobre Storytelling, sem tradução para o português.

Pink, Daniel H..”Drive". Melhor referência contemporânea sobre Motivação, uso muito nas minhas palestras mais recentes. Tem tradução para o português.


Rock, David. “Your Brain at Work”. Gostei muito do foco prático e direto, passei a usar no meu dia-a-dia muito do que aprendi ali, e isto se reflete no conteúdo dos meus cursos mais recentes. Infelizmente ainda não tem tradução para o português, mas a Editora Campus disponibiliza no Brasil uma tradução de outro livro dele, “Quiet Leadership .



Deci, Edward L.. “Why We Do What We Do”. Outra boa referência sobre motivação, de 1996. Já teve tradução para o português, mas está esgotada.

Fisher, Roger; Shapiro, Daniel. “Beyond Reason: Using Emotions as You Negotiate". Da turma de Harvard que estuda negociação, muito bom! Para começar nesta frente recomendo “Como Chegar ao Sim.

Frankl, Viktor E. “Man´s Search for Meaning”. Fiquei emocionado quando li este best seller (já vendeu mais de 10 milhões de cópias!), deixou claro para mim que, apesar de não poder escolher o que vai acontecer comigo, tenho total poder em decidir a forma como vou reagir aos fatos, o que me ajuda a ampliar minha IE. Frankl é o criador da LogoterapiaTem tradução para o português.



Rogers, Carl R.. ”On Becoming a Person”. Desta lista deve ser a leitura mais difícil/árida, mas talvez seja a principal referência da chamada “Psicologia Humanista”. De toda a lista acho que é o único livro que é mais velho do que eu, foi publicado originalmente em 1961.

Schulz, Kathryn. “Being Wrong”. Verdadeira dose de humildade, deixando claro como nosso cérebro nos engana com frequência e como temos uma ENORME dificuldade em aceitar isto!

Baumeister, Roy F.; Tierney, John. “Willpower”. Foco em autocontrole, essencial na Inteligência Intrapessoal. Me ensinou (e outros autores dizem o mesmo!) que comer doce ajuda a tomar decisões

Wilson, Timothy D.. “Redirect”. Vai além do storytelling, propondo uso de storyediting como mecanismo de mudança pessoal, muito interessante!

Dweck, Carol S.. “Mindset”. Conceito simples mas poderoso e de aplicação imediata. Depois que li passei a buscar sempre um mindset de crescimento (growth).

Csikszentmihalyi, Mihaly. “Flow”. Sabe quando a gente está fazendo alguma coisa e perde a noção de tempo e quase que de espaço? Este livro decifra isto muito bem, e nos mostra como chegamos a este estado mental!

Kahneman, Daniel. “Thinking, Fast and Slow”. Como pensamos: na verdade usamos dois sistemas distintos, diz Kahneman, um psicólogo que ganhou o prêmio Nobel de Economia. Tem tradução para o português.



Barbosa, Christian. “Equilíbrio e resultado”. Adorei o conceito de “matriz da vida” proposto pelo Christian, especialista em gestão do tempo que também trouxemos ano passado a BH para o congresso do PMI-MG.



Tavris, Carol; Aronson, Elliot. “Mistakes were made (but not by me)”. Errado, eu?! De jeito nenhum! Vai  a mesma linha e complementa de certa forma o “Being Wrong” da Kathryn Schulz listado acima.

Espero que gostem!

***** Ivo Michalick, 09 de setembro de 2012, Nova Lima - BRASIL

terça-feira, 4 de setembro de 2012

IE e Inteligências Múltiplas

Eu sempre fui considerado por quem convive comigo uma pessoa muito inteligente, o que se reflete na minha facilidade em tirar boas notas na escola e em absorver com facilidade conteúdos considerados complexos. Por outro lado nunca tive muita paciência para assistir aulas ou ouvir explicações muito demoradas. Sempre me achei autodidata, preferindo muito mais aprender com um livro do que com uma aula. Ironicamente minha atividade principal hoje é dar aulas,  e isto de certa forma me ajuda a entender os alunos, em especial aqueles da chamada "Geração Y". 

Há alguns anos passei a ouvir com cada vez mais frequência referências à expressão "Inteligência Emocional" (IE). Por conta da minha inteligência, e sem entender bem o que era IE, assumi inicialmente que também tinha IE alta. Nada mais distante da realidade...

Bom, mas o que é exatamente IE? Para explicar é preciso primeiro introduzir outro conceito bem interessante, o de Inteligências Múltiplas, popularizado pelo psicólogo e autor Howard Gardner




Denomina-se inteligências múltiplas à teoria desenvolvida a partir da década de 1980 por uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardner, buscando analisar e descrever melhor o conceito de inteligência.

Gardner afirmou que o conceito de inteligência, como tradicionalmente definido em psicometria (testes de QI) não era suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Desse modo, a teoria afirma que uma criança que aprende a multiplicar números facilmente não é necessariamente mais inteligente do que outra que tenha habilidades mais forte em outro tipo de inteligência. A criança que leva mais tempo para dominar uma multiplicação simples, (a) pode aprender melhor a multiplicar através de uma abordagem diferente; (b) pode ser excelente em um campo fora da matemática; ou (c) pode até estar a olhar e compreender o processo de multiplicação em um nível profundo. Neste último exemplo, uma compreensão mais profunda pode resultar em lentidão que parece (e pode) esconder uma inteligência matemática potencialmente maior do que a de uma criança que rapidamente memoriza a tabuada, apesar de uma compreensão menos detalhada do processo de multiplicação.

*** Meu comentário: parece que Einsten se enquadrava neste item, o que explica muitos comentários de que ele não teria sido bom aluno. A verdade é que ele demorava muitas vezes para responder, pois ficava primeiro analisando a pergunta (incluindo sua pertinência) e  pensando na melhor resposta, ao passo que o sistema escolar da época (e infelizmente não muito diferente do atual) privilegiava respostas "prontas" e rápidas. 

À época, a teoria foi recebida com reações mistas pela comunidade académica. Muitos psicólogos consideraram que existe uma diferença entre o conceito de inteligência que não é suportado pelo prova empírica, mas muitos educadores apoiaram o valor prático das abordagens sugeridas pela teoria.

*** Meu comentário: hoje, cerca de trinta anos depois do surgimento da Teoria das Inteligências Múltiplas, esta encontra-se amplamente aceita na comunidade acadêmica.


As inteligências


A pesquisa original feita em Harvard descreveu sete tipos de inteligência nos seres humanos, e, no início da década de 1980, obteve grande eco no campo da educação. Posteriormente foram acrescentadas à lista original as inteligências de tipo "naturalista" e "existencial". As inteligências múltiplas são:

1. Lógico-matemática - a capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Habilidade para raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. Possuem esta caracaterística matemáticos, cientistas e filósofos como Stanislaw Ulam, Alfred North Whitehead, Henri Poincaré, Albert Einstein, Marie Curie, entre outros.

*** Meu comentário: este é o tipo de inteligência múltipla mais associado ao conceito popular de inteligência, sendo o alvo principal dos testes de QI (Quociente de Inteligência).

2. Linguística - caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas e pelas palavras e por um desejo em os explorar. É predominante em poetas, escritores, e linguistas, como T. S. Eliot, Noam Chomsky, e W. H. Auden.

3. Musical - identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais, executando pedaços de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas também escutando-os e discernindo-os. Pode estar associada a outras inteligências, como a lingüística, espacial ou corporal-cinestésica. É predominante em compositores, maestros, músicos, críticos de música como por exemplo, Ludwig van Beethoven, Leonard Bernstein, Midori, John Coltrane, Mozart, Maria Callas.

4. Espacial - expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, navegadores e jogadores de xadrez, como por exemplo Michelangelo, Frank Lloyd Wright, Garry Kasparov, Louise Nevelson, Helen Frankenthaler.

5. Corporal-cinestésica - traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os esportes, como por exemplo Marcel Marceau, Martha Graham, Michael Jordan, Pelé.

6. Intrapessoal - expressa na capacidade de se conhecer, estando mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas e conselheiros, como por exemplo, Sigmund Freud.

*** Meu comentário: esta é uma das duas Inteligências Múltiplas que agrupadas constituem o que se conhece como Inteligência Emocional.

7. Interpessoal - expressa pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como por exemplo o Mahatma Gandhi.

*** Meu comentário: esta é uma das duas Inteligências Múltiplas que agrupadas constituem o que se conhece como Inteligência Emocional.

8. Naturalista - traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de fauna, flora, meio-ambiente e seus componentes. É característica de biólogos, geólogos mateiros, por exemplo. São exemplos deste tipo de inteligência Charles Darwin, Rachel Carson, John James Audubon, Thomas Henry Huxley.

*** Meu comentário: esta veio depois, não constava no estudo original liderado por Gardner.

9. Existencial - investigada no terreno ainda do "possível", carece de maiores evidências. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos como por exemplo Jean-Paul Sartre, Søren A. Kierkegaard, Frida Kahlo, Alvin Ailey, Margaret Mead, ou o Dalai Lama.

********* Volto a escrever diretamente:

Pois é, olhando os conceitos fica claro para mim que em muitas das inteligências não sou muito bem dotado. Por exemplo, sou extremamente desajeitado (baixa inteligência corporal-cinestésica), e apesar de adorar ouvir música e ter até atuado como DJ, jamais consegui aprender a tocar um instrumento, um indicador de que minha inteligência musical não deva ser muito alta.

Dos meus estudos e pesquisas eu destaco três pontos relevantes para a minha vida:

1. Se formos buscar uma inteligência que tenha forte correlação com o que se conhece popularmente como sucesso, esta é a IE (Inteligência Intrapessoal + Interpessoal), e não a Cognitiva. Pensem em seus colegas de tempo de escola e procurem ver quais são os mais bem sucedidos hoje, em geral não são aqueles que eram considerados os melhores alunos... Por outro lado existem vários estudos que mostram uma potencial correlação entre IE e sucesso profissional.

A pesquisa mais famosa neste sentido ficou conhecida popularmente como "Experiência do Marshmallow", feita na Universidade Stanford. Descobriu-se anos depois que dentre as crianças participantes da experiência aquelas que demonstraram maior autocontrole (elemento importante da chamada Inteligência Intrapessoal) tiveram mais sucesso como adolescentes e adultos!

2. Minha IE é baixa! Num teste recente que fiz, numa escala de 0 a 100, fiquei com 57, confiram o resultado:

Meu teste de IE. Fonte: Emotional Intelligence Appraisal 

3. A IE pode ser aumentada com base em estudos e treinamentos, o que é uma EXCELENTE notícia para mim!

Com base nestes pontos eu iniciei há cerca de três anos uma jornada de autoconhecimento que me trouxe até aqui e me levou recentemente a criar no LinkedIn um grupo dedicado a discussões e trocas de experiências associadas a IE, chamado "Rede de Inteligência Emocional". Se você se interessou pelo assunto será muito bem vindo no grupo :)

Mais sobre IE em postagens futuras!



***** NOVA LIMA, 04 de setembro de 2012.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Um recado aos pais, mães e gerentes de projetos


Trate seu projeto como um filho: dê a ele amor, dedicação, carinho, educação, mas não pense que ele é seu, por isto exercite o desapego desde a primeira hora! Um dia o seu projeto/filho estará em condições de seguir seu próprio caminho, ajudando alguém a atender uma necessidade ou a resolver um problema. E você, GP, deverá buscar outro filho/projeto para criar :)

Quando chegar a hora certa do seu filho sair de casa (para morar sozinho, para buscar novos desafios ou para se casar), esteja pronto para aceitar isto. Sei que vai dar saudade e pode até doer no peito, mas é importante você trabalhar de forma a saber que fez tudo ao seu alcance e que você deixou naquele filho uma marca que irá acompanhá-lo pelo resto de seu ciclo de vida!

E lembre-se: o projeto/filho não pediu para vir ao mundo, cuidar dele durante parte da sua vida é obrigação sua, mas ele terá vida própria e você deve se preparar o quanto antes para aceitar isto. Cabe a nós, GPs/pais, fazermos o nosso melhor enquanto o filho/projeto estiver sob nossa responsabilidade, sem esperarmos nada em troca por isto além da sensação de termos feito um bom trabalho, seja como pai/mãe, seja como gerente de projeto!

Escrevi isto aí em cima com base na minha experiência como GP por quase 25 anos e como pai por pouco mais de três, e espero continuar usando minhas próprias palavras como conselho para mim mesmo...



********* NOVA LIMA, 3 de setembro de 2012