Nesta época do ano em que
estou em pleno “turbilhão replanejador”, é muito comum as pessoas me
perguntarem coisas do tipo: “Nossa Ivo, como é que você faz tanta coisa ao
mesmo tempo?!”
Nestas horas, dependendo
da pessoa, eu dou uma de Mário Sérgio Cortella e pergunto: “Você tem tempo para ouvir aresposta?” (8:51). E ela é mais ou menos assim:
Eu procuro planejar tudo o
que faço, para sempre que necessário ter a oportunidade de mudar tudo conforme
as novas circunstâncias! Os militares são assim, em especial em tempos de
guerra: ficam um tempo enorme planejando uma batalha, e assim que é dado o
primeiro tiro começam a mudar tudo de acordo com o cenário real! Só que sempre
mantendo a linha mestra do plano, algo do tipo “Temos que conquistar o topo
daquela montanha até meio-dia de sexta-feira com o mínimo de perdas humanas.”
(Parênteses: como sou fã
de estratégia militar gostaria de recomendar aqui um filme sobre a vida e o
trabalho daquele que para mim foi o maior estrategista militar desde Napoleão
Bonaparte, o General Patton , já falei dele por aqui . O filme é “Patton” , de 1970, premiado com oito Oscars, incluindo melhor filme e ator. Curiosidade: indicado para o Oscar de melhor ator, o ator George C.
Scott recusou a indicação, e não mudou de opinião nem mesmo quando foi premiado
pela academia...)
Cartaz de "Patton- Rebelde ou herói" (ah, que preguiça desta mania de se mudar o título de filmes estrangeiros...)
Continuando...
Sempre que estou a ponto
de decidir sobre aceitar ou não um novo projeto ou atividade na minha vida,
procuro primeiro responder às seguintes perguntas:
1. Eu quero fazer isto? A
vida é curta e nossa vontade tem sempre que ser levada em conta, se não quer
fazer já pode parar por aqui e dizer não.
2. Eu sei fazer? Aqui a
coisa é um pouco diferente, eu posso não saber fazer mas posso ter vontade de
aprender, em especial no caso de ser algo que vá me tornar uma pessoa melhor,
como aprender uma nova língua, dar uma palestra sobre um tema interessante,
criar filhos etc.
3. Caso eu aceite, a minha
participação (caso seja um esforço coletivo) será reconhecida? Ou em outras
palavras, eu farei alguma diferença no processo? Aqui já é algo muito pessoal,
sou fortemente motivado por realizações, portanto preciso sentir que fiz alguma
diferença. Aprecio, mas não espero reconhecimento dos outros, porém levo em conta demais a opinião de um círculo
bem restrito de pessoas (no qual me incluo!) a respeito do que eu faço. Se é
algo que qualquer pessoa pode fazer e/ou não me oferece nenhum tipo de desafio
eu posso até aceitar fazer, mas não pelo reconhecimento que isto possa me
trazer.
4. O que eu tenho a ganhar
com isto? Lembrando que não é só dinheiro que nos motiva, eu por exemplo
preciso pagar as contas mas minha maior motivação é o reconhecimento pelo
resultado e o desafio da tarefa.
5. Se eu disser sim, como esta nova atividade ou projeto irá afetar as minhas outras coisas? Temos que nos lembrar que nosso tempo é finito, portanto precisamos o tempo todo fazer escolhas. Quando dizemos a alguém que não temos tempo para fazer algo que nos pedem, estamos na verdade dizendo que não queremos fazer aquilo, muitas vezes porque nosso prato já está cheio com outras coisas que queremos fazer e no momento não cabe algo novo.
6. Há alguma sinergia entre o que está sendo colocado e o que já estou fazendo ou planejando fazer? Este é um ponto importante que me facilita muitas vezes fazer coisas novas. Um novo projeto ou atividade que tenha sinergia com outras coisas minhas em andamento já começa em vantagem, pois uma coisa alimenta a outra. Exemplo: sou professor e consultor na área de gerenciamento de projetos, portanto preciso me manter atualizado sobre as novidades da área. Ano passado recebi um convite para participar da equipe de tradução do Guia PMBOK , publicação do PMI (Project Management Institute) , considerada a maior referência no mundo sobre gerenciamento de projetos, que busca compilar as melhores práticas sobre o tema. É claro que aceitei, pois vai me ajudar a ficar por dentro das novidades e a atualizar minhas aulas, palestras e material didático.
7. É uma tarefa individual ou coletiva? Como sou uma pessoa mais analítica e introvertida (além de meio perfeccionista e “lobo solitário”) procuro sair da minha zona de conforto trabalhando com outras pessoas, por se tratar de uma ENORME oportunidade de crescimento pessoal e profissional.
8. Se é uma tarefa coletiva, quem serão os demais envolvidos? O fato de querer sair da minha zona de conforto trabalhando com outras pessoas não significa que aceitarei trabalhar com “qualquer um” (de novo, a vida é muito curta...). Procuro trabalhar com pessoas inteligentes, que preferencialmente sejam melhores do que eu em alguma coisa em que quero me tornar melhor, que compartilhem da maior parte dos meus valores e com as quais eu tenha algum tipo de afinidade. Isto tanto é mais importante para mim quanto maior for a duração do projeto.
Ao pensar na resposta a estas perguntas eu disparo uma espécie de “diálogo anterior” (que agora eu chamo de intuição ), e quando chego no final já costumo saber a resposta J Se não sei, deixo a decisão em “banho maria” e de tempos em tempos volto às perguntas acima. E o que fazer quando nos dão um ultimato, do tipo “responda já ou até meio dia senão vou buscar outra pessoa ou alternativa”? Digo que não decido sob pressão, peço tempo e deixo que pessoa decida como vai querer prosseguir. Além disto, em geral a oferta de um novo projeto ou atividade para mim vem de mim mesmo, portanto sei que preciso de um tempo para avaliar.
Agora, se você é (como eu já fui, e de vez em quando tenho
umas recaídas) alguém que tem dificuldade em dizer não, aqui vai uma dica de
leitura que pode te interessar:
***** Nova
Lima - BRASIL, 01 de fevereiro de 2013.
Ivo muito bom! Estou adorando ler os seus textos. Parabéns! Abraços. Mazé.
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