Hoje, 26 de setembro, completamos por aqui 194 dias de isolamento social. Por causa do home schooling eu precisei virar analista de suporte de TI das minhas filhas, minha esposa virou professora e tutora em pelo menos 50% do tempo livre e não está nada fácil continuar este processo, mas o COVID-19 não nos dá escolha...
Na família todos passam bem, mas já tivemos colegas vitimados pelo vírus (e que felizmente se recuperaram), e infelizmente colegas que perderam parentes para esta doença traiçoeira.
Eu já estava acostumado a trabalhar em home office a maior parte do tempo, e devo confessar que me apaixonei pelo Zoom, pois nada melhor do que dar aulas, webinars e palestras direto de casa e ainda assim ter um reconhecimento positivo. Mas até eu que sempre fui um sujeito mais caseiro sinto falta do contato direto com pessoas do meu relacionamento e até com desconhecidos com os quais possa vir a desenvolver projetos ou simplesmente trocar ideias. Sinto que faço um pouco disto através deste blog e outras iniciativas, como minha newsletter e meu canal no YouTube, mas não é a mesma coisa. Tudo isto afeta nossa percepção do tempo ("Eu falei com o Ronaldo foi nesta segunda ou mês passado?") e até mesmo nossa rotina diária (minhas filhas passaram a dormir por volta de 23h30/meia-noite, no mesmo horário que eu).
Tudo isto confirma que nossa percepção do tempo tem um forte componente psicológico, e por isto gostaria de recomendar a vocês um livro que li praticamente "de uma sentada". Eu havia encomendado para ver se tirava algumas ideias para o primeiro webinar da Turma 01 do Programa Melhore!". O livro é "Dá um Tempo", de Izabella Camargo.
A autora, enquanto pesquisava e escrevia o livro, teve uma síndrome de burnout que a deixou no hospital por cerca de duas semanas em 2018. Na volta foi demitida da Rede Globo sem justa causa, terminou o livro e em abril criou um canal no YouTube com o mesmo nome do livro. No canal estão disponíveis, dentre outros, vários vídeos em que ela conversa com pessoas interessantes que entrevistou para o livro. Um livro ao mesmo tempo leve e que nos faz pensar, portanto recomendo!
Para terminar, uma citação de um dos meus filósofos preferidos:
“Tenho o costume de ficar admirado, quando vejo alguns que solicitam o tempo alheio e o rogado que se mostra generoso. Ambos encaram o objeto da petição, mas nenhum deles vê o tempo em si. Um pede como se fosse algo de ninharia e como tal é-lhe concedido.
Estão brincando com a coisa mais preciosa do mundo.
O engano advém do fato que o tempo é algo de incorporaI, que não impressiona os olhos e por isso é tido qual coisa desprezível, ou melhor, de valor nulo.”
(Sêneca, filósofo estoico romano (Corduba, ca. 4 a.C. — Roma, 65), em seu livro “A Brevidade da Vida”)
*** Belo Horizonte, 26 de setembro de 2020 (194 dias de isolamento social e contando!)