sábado, 26 de setembro de 2020

Dá um tempo!

 Hoje, 26 de setembro, completamos por aqui 194 dias de isolamento social. Por causa do home schooling eu precisei virar analista de suporte de TI das minhas filhas, minha esposa virou professora e tutora em pelo menos 50% do tempo livre e não está nada fácil continuar este processo, mas o COVID-19 não nos dá escolha...

Na família todos passam bem, mas já tivemos colegas vitimados pelo vírus (e que felizmente se recuperaram), e infelizmente colegas que perderam parentes para esta doença traiçoeira.

Eu já estava acostumado a trabalhar em home office a maior parte do tempo, e devo confessar que me apaixonei pelo Zoom, pois nada melhor do que dar aulas, webinars e palestras direto de casa e ainda assim ter um reconhecimento positivo. Mas até eu que sempre fui um sujeito mais caseiro sinto falta do contato direto com pessoas do meu relacionamento e até com desconhecidos com os quais possa vir a desenvolver projetos ou simplesmente trocar ideias. Sinto que faço um pouco disto através deste blog e outras iniciativas, como minha newsletter e meu canal no YouTube, mas não é a mesma coisa. Tudo isto afeta nossa percepção do tempo ("Eu falei com o Ronaldo foi nesta segunda ou mês passado?") e até mesmo nossa rotina diária (minhas filhas passaram a dormir por volta de 23h30/meia-noite, no mesmo horário que eu).

Tudo isto confirma que nossa percepção do tempo tem um forte componente psicológico, e por isto gostaria de recomendar a vocês um livro que li praticamente "de uma sentada". Eu havia encomendado para ver se tirava algumas ideias para o primeiro webinar da Turma 01 do Programa Melhore!". O livro é "Dá um Tempo", de Izabella Camargo.




A autora, enquanto pesquisava e escrevia o livro, teve uma síndrome de burnout que a deixou no hospital por cerca de duas semanas em 2018. Na volta foi demitida da Rede Globo sem justa causa, terminou o livro e em abril criou um canal no YouTube com o mesmo nome do livro. No canal estão disponíveis, dentre outros,  vários vídeos em que ela conversa com pessoas interessantes que entrevistou para o livro. Um livro ao mesmo tempo leve e que nos faz pensar, portanto recomendo!

Para terminar, uma citação de um dos meus filósofos preferidos:

Tenho o costume de ficar admirado, quando vejo alguns que solicitam o tempo alheio e o rogado que se mostra generoso. Ambos encaram o objeto da petição, mas nenhum deles vê o tempo em si. Um pede como se fosse algo de ninharia e como tal é-lhe concedido. 

 Estão brincando com a coisa mais preciosa do mundo.

 O engano advém do fato que o tempo é algo de incorporaI, que não impressiona os olhos e por isso é tido qual coisa desprezível, ou melhor, de valor nulo.” 

 (Sêneca, filósofo estoico romano (Corduba, ca. 4 a.C. — Roma, 65), em seu livro “A Brevidade da Vida”)





*** Belo Horizonte, 26 de setembro de 2020 (194 dias de isolamento social e contando!)

2 comentários:

  1. Ivo, é com alivio que leio este post e me dou conta de que não estou sozinha nesta fase de mudança de hábitos.
    Eu também já trabalhava parcialmente em “home office”, mas era bom ir até a empresa do cliente, conversar com as pessoas e interagir pessoalmente. O lado bom de não ter mais a “sensação de perda de tempo” nos engarrafamentos tem também o lado da adaptação para captar a percepção das pessoas através da telinha, que algumas vezes está com a câmera desligada.
    O livro me interessou e eu já havia visto algumas entrevistas da autora, falando contado sua história e alertando a todos sobre a Síndrome de Burnout.
    Um alerta relevante, porque o fato de estarmos em casa, não nos deixa imune a síndromes de esgotamento. Boa dica de livro e de canal de youtube!!

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