domingo, 15 de junho de 2025

“Flow” e o meu tratamento de saúde – Atualização de junho de 2025

Falei bastante sobre meu tratamento de saúde e antifragilidade numa postagem em janeiro deste ano.

Escrevo este novo texto na noite de domingo, 15-jun, e amanhã cedo inicio a fase mais complexa do meu tratamento contra mieloma múltiplo, quando farei uma quimioterapia mais pesada (e sim, vou ficar careca, mas vou raspar a cabeça antes) seguida de um transplante autólogo de medula usando células-tronco coletadas em fev-2019.

 De janeiro até final de maio eu fiz cinco ciclos de quimioterapia, sempre nas segundas-feiras, na parte da tarde. Cada ciclo tem quatro sessões, portanto foram vinte semanas. No meu caso (cada pessoa reage de um jeito aos remédios, que não são poucos) sempre dava insônia no primeiro dia, provavelmente devido aos quimioterápicos aplicados no dia, e já na terça e quarta eu parecia ligado em 220V, muito ativo, eram os melhores dias para trabalhar. Ficava um pouco mais indisposto quinta e sexta, mas na maioria das semanas consegui gerenciar estes dias, exceto pelas semanas em que tive diarreia. Basicamente esta foi a minha rotina semanal nesses últimos meses, estes altos e baixos se tornaram uma constante na rotina, mas me ensinaram a ajustar expectativas

Nesse período, como eu falei na postagem de janeiro, eu usei muitas aplicações práticas de antifragilidade e para me ajudar nisto incorporei o conceito de “flow”, que eu conheço desde que li o livro de mesmo nome do autor Mihaly Csikszentmihalyi, um marco em Psicologia Positiva, outro assunto que me interessa bastante.

 



O conceito de flow é tratado em um dos módulos do meu curso Melhore!, trata-se de um estado mental otimizado, uma “experiência ótima” ou “zona” (“in the zone”, em inglês) — um momento em que estamos totalmente absorvidos em uma atividade, com foco intenso, perda da autoconsciência e sensação de que o tempo simplesmente desaparece.

 

Imagem extraída do módulo 8.2 – Motivação 3.0, do meu curso Melhore!.

 

Para que isto ocorra é fundamental haver desafios equilibrados com habilidades, metas claras e feedback imediato ‒ elementos que venho aplicando conscientemente ao trabalho, estudos e leituras durante o tratamento. Nesse estado, o esforço mental parece quase sem esforço, o que traz não apenas alta produtividade, mas também satisfação intrínseca e alívio emocional, funcionando como uma poderosa ferramenta antifrágil no enfrentamento da quimioterapia.

 Sobre flow aplicado ao meu trabalho em gerenciamento de projetos, fiz vários sprints de cerca de três horas e quase sempre com apoio de ferramentas de IA Generativa que foram extremamente produtivos, estamos falando de atividades que há alguns meses eu levaria um a dois dias para concluir. Isto torna o trabalho desafiador, mas muito mais gratificante.

 Não sei exatamente quantos dias vou ficar no hospital desta vez, mas estou levando alguns amigos que vão com certeza me ajudar a ter várias experiências de “flow”, confiram na imagem:

 



Eles são:

  • ·“2666” – Roberto Bolaño (em espanhol)
  • “Bom dia, Verônica” – Raphael Montes & Ilana Casoy (em português)
  • “Da Independência A Lula E Bolsonaro: Dois Séculos De Política Brasileira" - Bolivar Lamounier (em português)
  • “No país dos contrastes” – Edmar Lisboa Bacha (em português)
  • “O sentido das águas” – Drauzio Varella (em português)
  • “On Writing” – Stephen King (em inglês)
  •  “Project Risk Quantification” – John K. Hollmann (em inglês)
  • “Project Risk Quantification Volume 2” – John K. Hollmann (em inglês)
  • “Trincheira Tropical" – Ruy Castro (em português)
  • “Why Can’t You Just Give Me the Number?” – Patrick Leach (em inglês)
  • "Zensorialmente” – Estanislao Bachrach (em português)

 E uma coisa boa é que se faltarem amigos é só pedir pra Luiza pegar mais aqui em casa! Além disto estou levando meu notebook e vou instalar um Fire TV na TV do quarto. Estas ferramentas me permitirão engajar em conteúdos ricos que me prendem a atenção e me dão energia mental, mesmo em ambiente hospitalar, e acho que vai dar para ter várias experiências de “flow”, pois além dos livros planejo trabalhar bastante (não posso, por questão de confidencialidade, dar maiores detalhes) e continuar estudando sobre IA, com foco em multiagentes para aplicações em gerenciamento de projetos.

O tratamento continua depois desta internação, pois vou sair praticamente sem imunidade. Sei que pode soar assustador, mas estou me preparando para isto e com certeza vou evitar ficar perto de cachorros grandes, pelo menos até poder tomar vacinas de novo — o que pode levar dois a três meses   (confira minha postagem sobre isto, “Dois pastores suíços e eu”), pelo menos até o momento em que eu seria autorizado a tomar novamente as vacinas, o que deve ser coisa de dois a três meses. E é claro que neste período todo vou continuar trabalhando, estudando e usando os conceitos de antifragilidade, “mindfulness”, “flow” e vários outros que abordo no Melhore!.


Caso queira saber mais sobre estes conceitos e ferramentas me mand uma mensagem que posso compartilhar um cupom de desconto especial para o curso. E caso seja ex-aluno  do Melhore! fale sobre sua experiência nos comentários.  Ah, e eu coordeno uma comunidade no WhatsApp! que tem estes grupos: 


E se quiser participar da comunidade é só me mandar mensagem com seu nome, celular e dizendo de quais grupos gostaria de participar.

Este texto é de minha autoria, mas escrevi com ajuda do ChatGPT, versão celular no modo áudio. Comecei ditando para ele:

 



E pensar que ainda tem gente que acha que esta coisa de IA é modismo...

Termino agradecendo o apoio de todo mundo que me ajudou ao longo deste processo!

 

*** Belo Horizonte, 15 de junho de 2025.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Dois Pastores Suíços e eu

Saí de casa por volta das 21h de um domingo para comprar ração para os gatos na Petz da Raja. Ao chegar, notei no balcão de entregas um rapaz com dois Pastores Suíços – jovens, mas já bem desenvolvidos.

Troquei olhares com um deles e, mesmo sentindo um leve receio, decidi me aproximar do balcão para pegar minha encomenda. Tentei evitar contato visual com os cães, mas meu coração estava ligeiramente acelerado. Quando inevitavelmente olhei para um deles, o animal deu um salto em minha direção, sendo prontamente contido pelo seu guardião.

Pensei em buscar proteção atrás do balcão, mas mantive minha posição, aguardando o atendente finalizar o atendimento ao rapaz. Observando o grande pacote de ração que ele comprara, imaginei que, ao pegá-lo, precisaria soltar uma das mãos das coleiras. Minha preocupação se confirmou: assim que o rapaz segurou o pacote, o cão tentou novamente pular em minha direção, sendo mais uma vez contido.

O guardião se desculpou com a típica frase "isto nunca aconteceu antes" e partiu. Peguei minha encomenda e retornei para casa.

Em circunstâncias normais, talvez eu não tivesse refletido tanto sobre este episódio. Afinal, conheço a raça e sei que são cães geralmente obedientes – o pior cenário provável seria uma derrubada ou um pequeno acidente. Contudo, como paciente em tratamento de quimioterapia para Mieloma Múltiplo, percebi que subestimei os riscos ao confiar excessivamente em minha experiência prévia com cães.

A antifragilidade nos ensina que devemos não apenas nos proteger contra riscos, mas também aprender e nos fortalecer a partir deles. Neste caso, a experiência me mostrou que o gerenciamento de riscos precisa ser dinâmico e contextual: o que é um risco aceitável em determinado momento pode se tornar crítico em outro. Como paciente em tratamento, cada decisão precisa ser avaliada não apenas por sua probabilidade de ocorrência, mas principalmente pelo impacto que um eventual incidente poderia ter em minha jornada de recuperação. Esta reflexão me fez perceber que a verdadeira antifragilidade está em reconhecer nossa vulnerabilidade e adaptar nossas decisões de acordo com nosso contexto atual.

Faz sentido pra você?





*** Belo Horizonte, 16 de fevereiro de 2025




terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Antifragilidade em Ação: Tratamento médico e a vida que não para


Antifragilidade, um termo cunhado por Nassim Nicholas Taleb em seu livro "Antifrágil", é a capacidade de usar o estresse e a adversidade para se fortalecer. Não se trata de resistir ou voltar ao estado inicial, mas de transformar desafios em oportunidades de crescimento. 

Comecei nesta semana meu segundo tratamento contra o Mieloma Múltiplo e, desta vez, trago comigo o conceito de antifragilidade como uma bússola. A vida não para durante o tratamento – trabalho, família, compromissos – tudo continua. Por isso, é essencial criar estratégias práticas para equilibrar as demandas e enfrentar o momento de forma racional e estruturada.


Como aplico a antifragilidade no meu dia a dia?


1️⃣ Mindfulness e clareza mental: Praticar atenção plena me ajuda a estar presente e reduzir o impacto do estresse diário. Isso aumenta minha capacidade de tomar decisões com serenidade, tanto no tratamento quanto no trabalho. Três coisas que faço com boa frequência: 

 1. Meditar na varanda de casa por cerca de 15 minutos no início do dia.
 2. Caminhar em local seguro, sem ouvir música e com celular no silencioso, chamo isto de "caminhada mindful".
 3. Apreciação artística: em especial música, leitura e visita a museus de arte. Semana passada estive no MASP em São Paulo e me emocionei revendo obras dos meus pintores favorites, Van Gogh e Renoir.




Falei sobre minha admiração por Van Gogh aqui:



No YouTube mantenho uma playlist de mindful music:



E aqui falo sobre 10 livros legais que li em 2024:

  

📚✨ Meus 10 Livros Favoritos de 2024 ✨📖



E se você for de BH (Belo Horizonte pra quem não é daqui), sabia que tem uma trilha nova no Parque das Mangabeiras? Fomos conferir logo na manhã do dia da reabertura.







2️⃣ Planejamento e priorização consciente: Reavaliei minhas prioridades para focar no que importa de fato, seja na vida pessoal, seja na profissional. Essa reorganização é uma forma de gerenciamento de riscos (minha principal área de atuação profissional): minimizar distrações e alocar energia para o que traz mais impacto. Falei um pouco sobre isto nesta postagem sobre minimalismo:



No final desta postagem sobre minimalismo tem link para um vídeo no meu canal onde apresento uma bibliografia sobre o tema.





3️⃣ Cuidados com o corpo: Adotei uma alimentação equilibrada e evito excessos, sabendo que minha energia física é crucial para sustentar o tratamento. E agora tenho uma meta concreta: preciso perder pelo menos 6 quilos nas próximas 16 a 24 semanas (duração prevista para a primeira fase do tratamento), caso contrário não poderei fazer um transplante autólogo de medula na fase final do tratamento por falta de material (minhas células-tronco foram coletadas e congeladas por ocasião do primeiro tratamento). Além disso mantenho uma rotina de atividades físicas moderadas, o que me ajuda a preservar força física e disposição sem sobrecarregar o corpo. Isto não é simples, pois se "passo do ponto" fico sujeito a pegar uma doença oportunista, um simples resfriado pode atrapalhar bastante o meu tratamento.

4️⃣ Lições aprendidas e adaptação: Trago comigo a experiência do primeiro tratamento, que compartilhei por aqui em postagens como esta:



Cada etapa é uma oportunidade para refinar estratégias e aprender com o que deu certo – e com o que pode ser feito de forma diferente.

5️⃣ Inteligência emocional: Aceitar o que não está sob meu controle e investir minha energia no que posso influenciar. Esse equilíbrio é fundamental para lidar com a incerteza e manter a produtividade e a energia em meio aos desafios.

6️⃣ Gerenciamento de riscos aplicado à vida pessoal: Assim como nos projetos em que atuo profissionalmente, aplico conceitos de identificação, análise e mitigação de riscos à minha rotina. Prever desafios e criar respostas antecipadas reduz impactos e mantém a estabilidade. Aqui recorro de forma recorrente aos operadores cognitivos do pensamento complexo, que são:


1. CIRCULARIDADE: “Os efeitos retroagem sobre as causas e as realimentam.”

 

2. AUTOPRODUÇÃO: “Os seres vivos produzem, eles próprios, os elementos que os constituem e se auto-organizam por meio desse processo.”

 

3. O OPERADOR DIALÓGICO: “Há contradições que não podem ser resolvidas. Isso significa que existem opostos que são ao mesmo tempo antagônicos e complementares.”

 

4. O OPERADOR HOLOGRAMÁTICO: “As partes estão no todo, mas o todo também está nas partes.”

 

5. INTERAÇÃO SUJEITO-OBJETO: “O observador faz parte daquilo que observa.”

 

6. ECOLOGIA DA AÇÃO: “As ações com frequência escapam ao controle de seus autores e produzem efeitos inesperados e às vezes até opostos aos esperados.”

 



Saiba mais sobre estes operadores neste excelente artigo do Professor Humberto Mariotti:



A antifragilidade, para mim, é sobre construir bases mais sólidas e me tornar uma pessoa melhor a partir do inesperado. Gosto de calmarias, sou humano, portanto tenho meus altos e baixos, mas me preparo para navegar por águas turbulentas com estratégia, foco e aprendizado constante.

A vida é um fluxo ininterrupto de decisões. Encaro cada uma delas como uma oportunidade de progresso, com determinação, serenidade, uma certa dose de humor e um bocado de equilíbrio.🌟



Ah, e se você trabalha com projetos de capital eu te recomendo este artigo que postei no Linkedin recentemente:


Caso precise de uma excelente consultoria sobre o assunto fique à vontade para me procurar!




Tem vontade de se tornar uma pessoa melhor com base nos temas que tratei neste artigo (exceto Antifragilidade, que ficou de fora e deve ser objeto de um novo curso)? Confira esta postagem no meu LinkedIn com link para vídeo de degustação do meu curso Melhore! no meu canal no YouTube, é uma lição do Módulo 7 - Gestão do Tempo Pessoal:




 Muito obrigado e um excelente 2025 pra nós!
  

*** Belo Horizonte, 14 de janeiro de 2024

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

📚✨ Meus 10 Livros Favoritos de 2024 ✨📖

 Nesta minha última postagem de 2024 queria destacar os livros que que marcaram meu 2024 e que, quem sabe, também podem inspirar você:




"Cozinha Confidencial" (Kitchen Confidential), de Anthony Bourdain:
Um olhar cru e fascinante sobre o mundo da culinária. Não é apenas sobre comida; é sobre paixão e perseverança. Sou fã do Anthony e senti muito quando ele nos deixou, tirando a própria vida em 2018.


"Memórias", de Rubens Ricupero:
Uma reflexão profunda sobre a história política e econômica, repleta de lições sobre liderança e legado. E sim, Rubens Ricupero foi muito mais do que Ministro da Fazenda de Itamar Franco, foi um dos maiores diplomatas da nossa história.


"Zensorialmente", de Estanislao Bachrach:
Explorando a conexão entre mindfulness e inovação, este livro é transformador para quem busca alimentar o pensamento criativo. Autores argentinos costumam apresentar ideias bastante originais quando escrevem sobre temas ligados a comportamento.


"Think Better", de Ulrich L. Lehner:
Técnicas práticas para aprimorar a tomada de decisões e a resolução de problemas—indispensável para profissionais de gestão de projetos. O autor é PhD em Teologia e às vezes avança um pouco demais para o campo da metafísica, mas nada que comprometa as excelentes ideias apresentadas no livro.


"Como Grandes Coisas Acontecem" (How Big Things Get Done), de Prof. Bent Flyvbjerg e Dan Gardner:
Repleto de estratégias para executar megaprojetos com sucesso, alinhado à minha experiência em gerenciar projetos complexos. Considero 
Bent Flyvbjerg a principal referência mundial em megaprojetos.


"Sapiens", de Yuval Noah Harari:
Uma leitura que explora a evolução humana e desafia a forma como entendemos a cultura e a sociedade. Disponível em inglês e português. Estava passando da hora de ler este livro, lançado em 2014.


"Nunca Divida a Diferença" (Never Split the Difference), de Christopher Voss:
Uma aula magistral sobre técnicas de negociação, com insights de um ex-negociador do FBI—essencial para negociações de alto impacto. Gostei tanto do livro que ele me inspirou a lançar nesta ano a terceira versão do meu curso sobre Negociação, incorporando as ideias apresentadas pelo autor.


"Risco" (Risk), de General Stanley McChrystal e Anna Butrico Conti:
Um framework poderoso para entender e gerenciar riscos, essencial para navegar no mundo corporativo atual. O autor é um militar e fala sobre riscos no universo corporativo, adoro ler livros sobre risco de autores que não são da área de gerenciamento de projetos.


"Caminho de Pedras", de Rachel de Queiroz:
Um mergulho profundo no despertar político e na consciência feminista do Brasil dos anos 1930, acompanhando a jornada de uma mulher em busca de amor, ativismo e libertação pessoal. Primeiro livro da lista atualizada de leituras obrigatórias para o exame da Fuvest e que valerá partir de 2026 até 2028, contém exclusivamente obras de mulheres autoras de língua portuguesa. Para 2025 espero ler mais alguns da foto abaixo:




Inês Pedrosa e Teolinda Gersão não estão na lista da FUVEST, mas estão na minha! Você consegue conferir a lista da FUVEST aqui:


 Leituras obrigatórias da Fuvest terão só obras de mulheres


"O Ato Criativo" (The Creative Act), de Rick Rubin:

Um guia meditativo e esclarecedor que desmistifica o processo criativo, destacando que a criatividade é um estado natural acessível a todos. Rick Rubin produziu, dentre outros, músicos como Johnny Cash, Beastie Boys, Run DMC, Slay, Tom Petty, Red Hot Chili Peppers, System of a Down, Nusrat Fateh Ali Khan, Black Sabbath e Eminem, dentre outros. Pois, quando um cara destes escreve alguma coisa sobre criatividade a gente tem que ler!

Essas leituras enriqueceram minha visão sobre liderança, gestão de projetos, criatividade e crescimento pessoal. Seja para inovar, liderar ou entender a história humana, há algo aqui para todos.


E pra você, quais livros marcaram seu 2024?


Compartilhe nos comentários os livros que inspiraram, divertiram ou desafiaram você este ano — eu adoraria conhecer as suas recomendações!


*** Belo Horizonte, 31 de dezembro de 2024, 19h30

domingo, 22 de dezembro de 2024

minimalismo





Minimalismo: Simplifique Sua Vida no Mundo Físico e Digital

Em um mundo de excessos, onde o material e o digital competem por nossa atenção, o minimalismo se apresenta como uma abordagem para viver com mais intenção e menos distrações. Inspirado pela máxima "menos é mais", o minimalismo não é apenas uma escolha estética, mas uma filosofia de vida que valoriza o essencial.


O que é Minimalismo?

Minimalismo é o ato de reduzir o supérfluo e focar no que realmente importa. No plano físico, significa priorizar experiências, relações e valores em vez de acumular objetos. No digital, é sobre utilizar a tecnologia de forma consciente, livrando-se do excesso de informações e distrações.


As Origens do Minimalismo

O minimalismo tem raízes em filosofias como o Zen Budismo, que exalta a simplicidade e o desapego, e no Estoicismo, que valoriza a moderação e o foco no essencial. Pensadores como Sêneca e figuras religiosas como São Francisco de Assis também reforçaram a ideia de que a felicidade vem da simplicidade. No século 20, o conceito foi resgatado pelo movimento Bauhaus, que trouxe a máxima funcionalidade e formas simples ao design e à arquitetura.


Minimalismo Digital: Uma Necessidade Moderna

Em um mundo cada vez mais conectado, o minimalismo digital é a extensão dessa filosofia para o ambiente virtual. Trata-se de reavaliar como usamos a tecnologia, eliminando excessos que roubam tempo e atenção e nos desconectam do presente.


Benefícios do Minimalismo Físico e Digital

  1. Mais Tempo: Reduzindo posses e distrações, sobra tempo para o que realmente importa.
  2. Clareza Mental: Um ambiente limpo e organizado promove foco e tranquilidade.
  3. Sustentabilidade: Consumir menos é um passo importante para cuidar do planeta.
  4. Maior Produtividade: Menos distrações digitais levam a melhores resultados.
  5. Conexões Significativas: Foco em experiências e relacionamentos reais, em vez de interações superficiais.


Recomendações para uma Vida Mais Simples

  1. Revise seu espaço físico e digital: Doe ou descarte itens que não usa e faça uma “limpeza” em seus dispositivos físicos e digitais.
  2. Estabeleça limites para o uso de tecnologia: Desative notificações e crie horários específicos para verificar e-mails e redes sociais.
  3. Valorize experiências: Invista mais tempo em atividades como leitura, caminhada ou encontros com amigos. Quando for a um show, concentre-se na experiência e não no registro.
  4. Crie períodos de desintoxicação: Separe um dia ou algumas horas por semana para desconectar-se de telas.
  5. Pratique o desapego: Pergunte a si mesmo, antes de adquirir algo, se aquilo realmente agrega valor à sua vida.


Conclusão

O minimalismo, seja no plano físico ou digital, não se trata de privação, mas de liberdade. É um convite para redescobrir o que é essencial e alinhar nossas ações com nossos valores. Menos bagagem, mais propósito.

Comece hoje: o que você pode simplificar na sua vida agora? Compartilhe sua jornada e inspire outros a buscar o essencial!


Saiba mais


Arquivo de apoio para o webinar "Além do essencial: construindo uma vida plena com minimalismo" apresentado em dezembro de 2023 para o PMI-MG, capítulo Minas Gerais do Project Management Institute. 


"Hemingway, "O Velho e o Mar" e a Essência do Minimalismo"


Uma bibliografia sobre minimalismo (não se deixe confundir pelo título do vídeo)






***** Belo Horizonte, 22 de dezembro de 2024

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Sobre "ladrões de tempo"

 



Achei interessante compartilhar com vocês esta resposta que dei via mensagem a um colega do LinkedIn que me pediu para dizer quais seriam os três ou quatro elementos que mais prejudicam minha produtividade ("ladrões de tempo"). Respondi assim:


Olá, João, obrigado pela sua mensagem! Sobre a sua pergunta, minha resposta é um tanto incomum, já que também estudo e aplico conceitos de gestão do tempo pessoal e minimalismo digital na minha vida. Sem considerar minhas estratégias de resposta, os elementos que mais prejudicam minha produtividade seriam:

1. "Multitarefa ineficiente": evito ao máximo, prefiro trabalhar de forma sequencial em atividades que demandem maior concentração em blocos de até três horas ou até alcançar um resultado tangível, o que ocorrer primeiro.

2. Ambiente ruidoso: trabalho a maior parte do tempo em casa, onde praticamente não tenho problemas com distrações devido ao ruído. Mas costumo também trabalhar no ambiente de clientes e parceiros, e nestes casos, se não estou em reunião, ouço música (geralmente instrumental ou numa língua diferente da minha, para não chamar minha atenção) com fones de ouvido com cancelamento de ruído.

 3. "Sim intempestivo": às vezes somos pressionados a dizer sim para uma nova demanda, geralmente urgente, que não se enquadra no nosso propósito, e isto atrapalha todo o nosso plano de trabalho. Evito isto ao máximo, o que garante para quem me conhece a certeza de que cumpro aquilo que prometo.

Sobre ferramentas,  uso uma versão pessoal do Método GTD de David Allen, e minhas ferramentas principais são a captura de tela no celular e o Evernote. Ah, e claro, mais recentemente ChatGPT e Claude, recém-chegado no Brasil.

Falo um pouco mais sobre temas relacionados nesta postagem:

 

 Pílulas para Melhorar: #3 - Gestão do Tempo Pessoal

  

Um abraço!

*** Belo Horizonte, 7 de agosto de 2024.



sábado, 24 de fevereiro de 2024

A âncora em negociações

 Eu estava em um Shopping e passando em frente a uma loja de roupas masculinas de luxo eu vi um terno que me chamou a atenção, tanto por ser muito bonito quanto pelo que parecia ser o preço, que achei muito barato (R$890,00) considerando a qualidade e a marca do terno. Ao me aproximar da vitrine consegui ler melhor a etiqueta de preço, e descobri que este era de... 12 prestações de R$890,00... Nem me atrevi a entrar na loja!

O valor inicial de R$890,00, por si só, não significa muito. Só quando o associamos a um produto ou serviço nosso cérebro passa a fazer associações que nos fazem concluir se aquele valor torna o objeto desejado "caro" ou "barato" segundo nossas referências naquele momento (o "Sistema 2" de Kahneman passa a trabalhar). Em toda negociação que envolva valores (e a compra de um terno, ou de um carro, serviço de consultoria, curso etc. são basicamente negociações) este primeiro valor que aparece é conhecido como "âncora". Vários estudos sobre negociação dizem que a grande maioria dos negócios são fechados por um valor que varia (para mais ou para menos) cerca de 20% ao redor da âncora.



Hum, que interessante... Então podemos pensar que sempre que estivermos envolvidos numa negociação devemos começar com uma âncora de valor bem alto em relação ao produto ou serviço que estamos oferecendo, certo? De jeito nenhum, pois um valor muito alto (ou muito baixo, se estivermos numa posição de compra) pode prejudicar o relacionamento com a outra parte e até mesmo inviabilizar uma negociação por falta de confiança do outro em nós.

Mas, atenção: iniciar uma negociação com um valor de âncora excessivamente alto pode danificar a relação de confiança e até inviabilizar o acordo. Portanto, a preparação prévia é essencial para definir uma âncora baseada em critérios objetivos. E sobre quem deve revelar o primeiro número? Bem, isso pode valer a pergunta de R$10.680,00 (não resisti...) - a resposta depende do momento e talvez do nosso "Sistema 1", a nossa intuição. Prepare-se, negocie com sabedoria e confie também nos seus instintos.

Quer saber mais sobre Sistemas 1 e 2? Confira este excelente livro do Kahneman:






*** Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2024.